Pato “celebra” o êxodo no futebol brasileiro

Faz tempo que acontece o êxodo de jogadores do Brasil para o mundo. Mas a ida de Pato para China revela que, de fato, o atleta virou mercadoria.

É bem antiga a debandada de jogadores brasileiros para fora. O número começou a crescer quando o País conquistou o primeiro mundial. Porém, o êxodo não era algo alarmante e se concentrava nos países de língua latina.

Depois disso, em meados dos anos 1970, começaram as transferências milionárias para o Mundo Árabe. Mas foi em 1980 que a coisa pegou. A chamada “década perdida” impulsionou uma enxurrada de atletas no auge da carreira para o mercado europeu, principalmente para a Itália.

Depois disso, não parou mais. Mal o jogador se destacava no Brasil, já se tornava uma ameaça de ir para o exterior. Outros países abriram as portas aos craques nacionais, como o Japão na década de 1990. Nos anos 2000, o êxodo começou a ocorrer rumo ao leste europeu, como Rússia e Ucrânia.

Nos anos recentes, foi a vez dos Estados Unidos e China, este com cifras nada desprezíveis. O último jogador brasileiro seduzido pelos chineses foi Alexandre Pato, aos 27 anos, depois de uma breve passagem pelo time espanhol Villarreal. Receberá um salário de mais de R$ 2 milhões mensais.

Dane-se a seleção brasileira e ferre-se o Corinthians que o contratou e ele não correspondeu nem 1% do dinheiro investido pelo clube paulista. Mesmo ainda jovem e com chances de destacar em clubes de ponta, se mudou para a Ásia. Pato “celebra” o êxodo do jogador brasileiro pelo mundo.

Está claro nas últimas décadas que na base o sonho maior do menino é deixar as mazelas desse País para trás. Quanto mais cedo, melhor. O jogador aqui só fica se ele for remunerado padrão Europa, ou quase isso – ou não conseguiu ser colocado lá fora em condições mínimas satisfatórias; ou pela falta de competência mesmo.

O clube grande não aguenta por muito tempo as despesas com atletas de ponta e passados dois, três anos, o sujeito pica a mula. Vai atrás de seus objetivos.

A prática provoca aquilo que já é visível quando o jogador “estrangeiro” atua na seleção brasileira: falta de vínculo com o País. Isso cria desinteresse com o selecionado brasileiro, e foco naquilo que foi sempre a sua prioridade: ganhar um bom dinheiro num clube do exterior e viver bem por lá.

Pato personifica essa situação, mesmo que a transferência para China seja um direito dele e ninguém tem nada a ver com isso. Mas é livre, por outro lado, pensarmos como o futebol por aqui mudou – a gente que fica no Brasil buscando uma saída para voltarmos a ser o que éramos antes.