Faz tempo que um dos temas recorrentes nos encontros da Associação Brasileira de Cronistas Esportivos (Abrace) é tratar do acesso de profissionais aos estádios para cobertura de evento esportivo. Vários itens envolvem esta pauta.
Um deles diz respeito à emissora de televisão detentora dos direitos de transmissão de partidas de futebol, que costuma ter ascendência nas federações e controlar a forma que fará a cobertura, sem o mínimo de equidade. Invariavelmente ela acaba prejudicando outros veículos.
O problema disso é que se cria uma ditadura de transmissão, onde aqueles que não pagam por direitos são deixados de lado no momento ápice do esporte. Mas, por outro lado, entidades e clubes imploram para que esses mesmos meios façam cobertura de imprensa no dia a dia do clube. Afinal, eles precisam que seus torcedores sejam informados sobre o que acontece na equipe, para não correr o risco de perder o interesse pelo time.
Isso é até bom para a televisão que detém as imagens de partidas de futebol, pois promove para ela o espetáculo – também se sabe que por mais que a emissora disponha de profissionais no esporte (embora isso seja cada vez mais raro), ela não dá conta de tudo, a todo o momento, do que ocorre nos clubes de futebol fora do campo.
Por outro lado, a Abrace vê a necessidade de não deixar que uma arena vire a casa da mãe Joana. É preciso ter critério de acesso aos estádios na cobertura jornalística de jogos, a partir das regras gerais vigentes na profissão.
Invariavelmente, o registro profissional ligado à área de atuação nos meios de comunicação é premente. É o básico. Isso envolve jornalistas, radialistas e técnicos de som, luz e imagem.
Sem essa relação, precisa analisar com cuidado os outros casos. A prioridade é dar acesso aos profissionais devidamente registrados e destinados a fazer a cobertura por um veículo de comunicação, que por princípio é o agente propagador de notícias principal.
Profissionais ligados às federações e aos clubes estão ali, em tese, para defender os seus interesses, ainda que faça propagação pública do que produz dentro do estádio. Mas trata-se de outro grupo de profissionais, e não aqueles preconizados na categoria de cronistas esportivos.
Assim, faz-se necessário ver de perto quem são, o que fazem e se eles se enquadram, ainda que em outra vertente, dentro das premissas de cobertura esportiva. Imagina se todos os interessados em uma partida de futebol enviassem equipes para fazer a sua narrativa de um jogo? E aqueles veículos e profissionais que, de forma independente, já fazem isso devidamente registrados para a função?
É necessário ter ordem e regra. Todo mundo quer que seu filho seja educado por um professor preparado e registrado para isso, e não outra pessoa, mesmo que ela seja culta e capaz. Pois o torcedor espera o mesmo da cobertura esportiva.