Desde a década de 1960 tornou-se corrente o argumento de que o planeta Terra se transformou numa grande aldeia global. A ideia era a de que todos os humanos estariam interconectados e poderiam se comunicar em tempo real, graças ao advento de novas e revolucionárias tecnologias.
Agora, de uma época mais recente para cá, existe uma nova percepção. Justamente a de que essas mesmas tecnologias, em vez de unir o planeta numa só conexão, o que elas fizeram foi produzir tribos que se reúnem em torno de interesses comuns, não se importando com nada mais.
Independentemente, porém, de qual desses conceitos seja o mais correto, o que se tem, de verdade, é o fato de que é possível a todos nós estar, a um só tempo, ainda que de forma virtual, nos mais variados lugares. E, sendo assim, ninguém vive mais sozinho. A solidão fica para a morte!
Essas elucubrações me vieram à mente logo após o jogo decisivo do Mundial de Clubes, domingo passado, que colocou frente a frente os times do espanhol Real Madrid, cheio de milionários craques, e do japonês Kashima Antlers, formado por jogadores sem muito cartaz internacional.
A minha reflexão veio, inicialmente, em forma da releitura de uma expressão corrente há até bem pouco tempo atrás. A expressão que saía das bocas quando se queria dizer que determinado time era formado por jogadores muito ruins de bola. A expressão era essa aqui: “É tudo japonês!”
No meu entender, a tal expressão não tem mais razão de ser. O Kashima foi derrotado sim na final desse Mundial. Foi derrotado, mas deu um calor danado no poderoso Real Madrid. Só foi derrotado na prorrogação, depois de um empate em dois a dois durante o tempo normal.
Os japoneses deram prova cabal de que, futebolisticamente falando, jogam tanto quanto qualquer dos tidos e havidos países tradicionais. Chegaram ao requinte de marcar um gol de calcanhar na semifinal contra o colombiano Atlético Nacional. Abriram os olhos para os encantos da bola!
E mais uma vez no meu entender, o principal fator responsável pela ascensão do futebol japonês foi exatamente a tecnologia que abre janelas espaço-temporais para qualquer um que tenha a perspicácia de observar através delas. O conceito da aldeia (ou tribos) também incide no futebol.
Por conta de tudo isso que eu falei até aqui, é possível dizer que não existem mais verdades escondidas a sete chaves no mundo da bola. O japonês não pode mais ser usado como metáfora para a mediocridade no futebol. Só lhes falta agora um título de expressão mundial. Por enquanto!