Uma equipe na Série B, outra na Série C do Brasileiro e um campeonato estadual pouco atraente e com um regulamento esdrúxulo. Esta era a realidade do futebol cearense no começo do ano de 2017. Nada fazia indicar que ao final dele, o futebol local estaria comemorando dois acessos nas competições nacionais, bem como o fortalecimento de duas outras tradicionais equipes.
Agora o estado tem uma equipe na Série A e outra na Série B. Pouco? Talvez ainda seja, diante a riquíssima história do futebol alencarino, outrora vice-campeão da Taça Brasil, em duas oportunidades, com o Fortaleza nos anos de 1960, e da Copa do Brasil, nos 1990, com o Ceará. A verdade é que o futebol em nosso querido estado, sim meu sangue cearense me permite tal ousada intimidade, vive um grande momento, e os resultados em campo e a alegria de nossos torcedores comprovam isso.
O acesso para a Série A não é mais um sonho para o maior campeão do estado, o Ceará Sporting Club. Após a queda para a Série B em 2011, o Vozão chegou a passar por apuros, até mesmo namorou uma vexatória queda para a Série C em 2015, justamente no épico ano de conquista da Copa do Nordeste, seu maior título nos últimos tempos.
Sempre contando com apoio visceral de seu torcedor, que costuma garanti-lo os maiores públicos do futebol brasileiro, o time em campo parecia fraquejar nos momentos derradeiros da competição. Após conquistar o estadual no primeiro semestre, novamente o clube despontou como um dos favoritos para o acesso. Temerariamente os resultados em campo pareciam indicar mais um ano de decepção. Felizmente para os torcedores alvinegros, a chegada do técnico Marcelo Chamusca recolocou o time no rumo das vitórias e por conta disso, o acesso foi uma questão de tempo.
O Ceará na Série A é um presente que o futebol nordestino dá ao Brasil: “O Vozão voltou…”
Mas não foi só o alvinegro de Porangabuçu, o clube cearense que fez bonito no futebol nacional. Seu maior rival, o Fortaleza, o Tricolor de Aço, enfim saiu do longo pesadelo de 7 anos na Série C do Campeonato Brasileiro. Rebaixado em 2009 e depois de frequentes fracassos justamente nas partidas decisivas de acesso para a Série B, este ano foi a redenção. Superando a desconfiança de muitos de seus torcedores, o Leão avançou às semifinais, conquistou o acesso e chegou ao vice-campeonato da Série C da Brasileiro.
A Série C jamais foi, é ou será lugar para este Gigante Tricolor.
O ano de 2018 marca seu Centenário e a contratação de Rogério Ceni como técnico imediatamente colocou o clube nas manchetes das principais mídias brasileiras. As expectativas pelos lados do Pici são as melhores possíveis e o acesso para a Série A do Brasileiro, um sonho a se tornar realidade.
Clássico Rei na Série A será uma das maiores atrações da competição.
Time fundado por funcionários da Rede Ferroviária em 1933, terceiro maior campeão do estado, com 9 conquistas, o Ferroviário viveu tempos de penúria nos últimos anos. O lamento pelo rebaixamento para a segunda divisão estadual em 2014, foi ainda maior por conta da falta de acesso nos anos seguintes. A volta à Primeira Divisão em 2017, aconteceu graças a desistência do vice-campeão. Devido a isso e das grandes dificuldades financeiras, as expectativas não eram das melhores.
Ledo engano, o Ferrão foi o grande de outrora e surpreendeu a todos ao eliminar o rival Fortaleza nas semifinais e chegar as finais diante o Ceará. Se o título não veio, o vice-campeonato serviu para recolocar o Tubarão da Barra entre os maiores do estado e, o mais importante, de volta às competições nacionais em 2018.
Ferrão no Brasileiro é a perpetuação do Trio de Ferro cearense no cenário esportivo nacional.
Outra boa novidade para o futebol cearense vem do subúrbio, mais especificamente do tradicional bairro da Vila Manoel Sátiro, nas imediações do Mondubim. O Floresta Esporte Clube, time fundado em 1954 e que se profissionalizou faz cerca de 3 anos, conquistou o acesso para a primeira divisão do estadual no primeiro semestre. Como se não bastasse, ao vencer a Taça Fares Lopes diante o gigante Leão do Pici, o Fortaleza, conquistou uma vaga para a Copa do Brasil de 2018. Algo inimaginável para o tradicional alviverde fundado por Felipe de Lima Santiago, meu avô querido.
O futebol alencarino dá um novo e firme passo em busca de desafios ainda mais desafiadores. Alguém duvida?