A lei é para todos

Fui ao cinema no dia 7 de setembro. Fui assistir a estreia do filme “Polícia Federal – A lei é para todos”. No gênero policial, o filme retrata as primeiras fases da Operação Lava Jato, que levou para a cadeia figurões da República e parece ainda bem longe de chegar ao final, tantos os indiciados.

Não sei se por conta do feriado, não sei se pelo tema da obra, o certo é que há muito tempo eu não via uma sessão de cinema tão lotada. Na sala em que eu estava, quase todos os lugares ficaram tomados. Numa época de tantas possibilidades de entretenimento, penso que esse é um fato bem raro.

E ainda mais em se tratanto de uma produção nacional que, talvez por preconceito dos cinéfilos nativos, não costuma ter esse apelo todo. Se fosse um daqueles blockbusters hollywoodianos, uma daquelas franquias de super heróis, eu até não estranharia. Mas, num filme nacional, me surpreendi sim.

No que diz respeito ao filme em si, apesar de ideológico até a medula, dada a formulação maniqueista de que tudo de um lado é ruim e tudo do outro lado é bom, pelo menos eu vislumbrei uma questão do mais puro didatismo: a de que a corrupção no Brasil veio à luz já no descobrimento.

E, assim sendo, dado o costume, a tradição e a impunidade que toda a vida permeou aqui na pindorama onde canta o sabiá, desde que a esquadra de Cabral aportou nas praias baianas, o estranho seria se a turma do poder e apaniguados não fizessem “traquinagens”, como diz o empresário da carne.

Veja-se, a propósito de “traquinagens”, agora deixando o filme e a Operação Lava Jato de lado e olhando para o noticiário da hora estampado nos jornais, que a corrupção está tão enraizada na vida “tupiniquim” que até alguns integrantes do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) entraram na onda.

De acordo com a mídia, o Rio de Janeiro só foi escolhido para sediar os Jogos Olímpicos de 2016 porque “molhou as mãos” de meio mundo. Saiu, por assim dizer, distribuindo grana para os delegados que escolheram a sede, com a participação do presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman.

Ressalte-se que o Rio de Janeiro foi escolhido para sede dos Jogos Olímpicos com uma votação esmagadora. Foram 66 dos 98 votos possíveis, que deixaram para trás as candidaturas de Madri, Tóquio e Chicago. A justiça agora quer saber quantos desses votos foram de fato comprados.

Por último, voltando ao filme, devo fazer o registro de outro fato que há muito tempo eu não presenciava numa sessão de cinema: o aplauso por minutos infindos dos espectadores. Foi só os créditos começarem a subir que os presentes levantaram das poltronas para aplaudir. Bem sintomático!