Acordei cedo nesse domingo, 29 de outubro. Acordei por volta das cinco horas da manhã. Madrugada mesmo. Tudo para fazer umas fotografias dos “craques” da Associação Atlética Jumbo, uma pelada organizada que rola nos finais de semana no campo B da Federação de Futebol do Acre.
Passei o dia sonolento, por conta do despertar tão cedo, mas valeu a pena. Além das fotografias, eu tive a oportunidade de rever em campo, ainda que em ritmo muito mais lento, grandes nomes do futebol acreano do passado tratando a bola, por assim dizer, com o maior carinho do mundo.
É impressionante como um ex-jogador consegue imprimir um toque de classe no trato com a bola, apesar da idade, fator que o faz, é claro, não ter o fôlego de outrora. Basta um toque de um sujeito desses na bola para a gente perceber a diferença entre ele e o peladeiro comum. Basta um toque!
Nomes como Tadeu Belém (Rio Branco, Atlético e Independência), Isaac (Independência), Ben Johnson (Vasco da Gama), Azeitona (Amapá), Edson Izidório (Rio Branco e Amapá), Dias (Andirá), Marcelo Aquino (Atlético e Juventus), Toniquim (Amapá)… Todos lá batendo a sua bolinha.
Dois outros que marcaram época no futebol acreano de antigamente, no caso o Deca (Juventus e Independência) e o Antônio Júlio (Juventus e Independência), também fazem parte da pelada do Jumbo. Mas eles não entraram em campo no domingo por estarem se recuperando de contusões.
Nem por isso os dois contundidos deixaram de exibir as suas habilidades (outras habilidades). O Deca como churrasqueiro, deixando ao ponto o filé dos peladeiros, que tem tanta fome de bola quanto de um “rango esperto”. E o Antônio Júlio fazendo as vezes de fluente narrador esportivo.
O Deca na função de “chef de espeto” nem de longe lembra aquele zagueirão que batia com a mesma aptidão tanto na bola quanto nas canelas dos adversários. Muito pelo contrário. Quando acaba a pelada, a moçada faz fila para degustar o churrasco preparado pelas suas mãos pra lá de ágeis.
Já o Antônio Júlio, desse eu fiquei de queixo caído com a sua desenvoltura com as palavras. O cara faz uma descrição precisa dos lances protagonizados pelos seus parceiros de pelada. A única coisa que eu achei meio exagerada foi o jeito como ele narra as jogadas do Toniquim. Só isso!
O que me deixou mais admirado, porém, não foi a classe dos antigos craques, ou churrasco do Deca, ou a narração do Antônio Júlio. O que me deixou mais perplexo foi testemunhar um cego que estava à beira do campo. Ele vai todos os domingos. Chama-se Felipe. E vibra como se enxergasse!