O ex-craque Ademir Sena em foto recente. Foto/Acervo Ademir Sena.

Ademir Sena – Talento precoce, meia pendurou as chuteiras aos 24 anos

Francisco Dandão

Nascido no distrito Corcovado, município de Tarauacá, no dia 18 de fevereiro de 1956, o hoje advogado Ademir Sena de Sousa fez história como armador e ponta de lança do Vasco da Gama, tanto nos juvenis quanto no time principal, a partir de 1972. Talento precoce, durante vários anos ele disputou simultaneamente os campeonatos acreanos das duas categorias.

“Fui levado para o Vasco pelo goleiro João Petrolitano. Fui muito bem recebido por todos do clube. O juvenil do Vasco era uma das melhores equipes da categoria e eu logo me firmei com titular da camisa 10. O técnico era o professor Valdemar Marques, o Valdé. Um profissional gabaritado, formador de caráter e moral dos atletas que ele dirigia”, disse Ademir Sena.

Antes de completar um ano no time juvenil, Ademir já foi convocado para a equipe principal, tendo a oportunidade de atuar junto com jogadores já consagrados do futebol acreano de então. Casos, por exemplo, do goleiro Benevides, dos laterais Carlos 40 e Melquiades, dos zagueiros Carlito Viegas e Messias, do meia Gilson, além dos atacantes Tasso, Agnaldo e Jersey.

O ex-craque, cuja estreia foi numa vitória de 3 a 1 contra o Atlético Acreano, parou de jogar em 1980, aos 24 anos, depois de passagens pelo Amapá e pelo Internacional. De acordo com ele, três fatores contribuíram para esse abandono precoce dos gramados: o ingresso no curso de Direito, o casamento e o trabalho na Receita Federal. “Fiquei sem tempo”, explicou.

Momentos marcantes e experiência como dirigente

Vasco da Gama (Juvenil) – 1972. Em pé, da esquerda para a direita: João Petrolitano, Edmar, Jonas, Dadau, Bruzugu, Padoca, Rivaldo e Jorge Vela (técnico). Agachados: Kina, João Sena, Ademir Sena, Carlinhos, Santarém e Bidu. Foto/Acervo Francisco Dandão

Durante o seu tempo de bola, o ex-craque foi três vezes campeão do Torneio da Imprensa. Mas o momento que ele elegeu como inesquecível não foi o da conquista de nenhum troféu. Esse momento para ele foi uma virada do Vasco sobre o Independência, de 2 0 para 3 a 2. E a maior decepção foi uma derrota de 2 a 1 para o Rio Branco, no returno do campeonato de 1973.

Vasco da Gama – 1972. Em pé, da esquerda para a direita: Melquíades, Messias, Carlos 40, Carlinhos, Viegas, Gilson, João Petrolitano e Benevides. Agachados: Jersey, Tasso, Agnaldo, Ademir Sena e Santarém. Foto/Acervo Francisco Dandão.

Bola à parte, alguns anos após pendurar as chuteiras Ademir viveu duas experiências como dirigente. Uma como diretor-técnico da Federação Acreana de Desportos (FAD), no período de 1984 a 1986, a convite do presidente da instituição, Aquino Lopes. Depois, como vice-presidente do Vasco, no mandato do presidente Paulo Maia, entre os anos de 1987 e 1988.

Vasco da Gama – 1973. Em pé, da esquerda para a direita: Roberto Araújo (técnico), Zé Carlos, Moura, Café, Carlos 40, Messias, Carlinhos e Jacinto (massagista). Agachados: Ademir Sena, Agnaldo, Gilson, Bidu e Jersey. Foto/Acervo Francisco Dandão.

Na federação, Ademir afirmou que o trabalho desenvolvido girou em torno de um processo de moralização e modernização da entidade. “Foi um período”, garantiu o ex-dirigente, “que a federação ganhou muita credibilidade no meio esportivo brasileiro. Inclusive, não tivemos nessa época nem uma virada de mesa ou título disputado no famigerado tapetão”.

Vasco da Gama – 1975. Em pé, da esquerda para a direita: Castro, Nelson, Ferreti, Carlinhos, Messias, Toinho e Jersey. Agachados: Júlio César, Gilson, Ademir Sena, Romanini, Zé Gilberto, Mundoca e Anísio. Foto/Acervo Raimundo Alves Sobrinho.

Na direção do Vasco, Ademir listou como principais realizações a revitalização da Fazendinha, campo de treinos do time, a organização parcial do quadro de associados do clube e a contratação de algumas figuras importantes, como o técnico cearense Vianinha e os jogadores Papelim e Raimundinho Bala. “Acredito que o trabalho foi bem realizado”, disse ele.

Grandes nomes do futebol acreano

Amapá – 1979. Em pé, da esquerda para a direita: Zé Lima, Azeitona, Jorge, Zé Hugo, Valter, Chiquinho, Buda e Marquito. Agachados: Tonho, Mauro, Angu, Feitosa, Ademir Sena, João e Prohaska. Foto/Acervo FFAC.

O ex-craque e ex-dirigente Ademir Sena não hesitou quando lhe foi solicitada a escalação de uma seleção acreana de todos os tempos. Para ele, essa seleção formaria com Zé Augusto; Chico Alab, Neórico, Curica e Antônio Maria; Tadeu Belém, Dadão, Carlinhos Bonamigo e Ademir Sena; Gil e Artur. “Esse seria um time de ótimo nível técnico”, explicou Ademir.

Na condição de melhores técnico, dirigente e árbitro, Ademir escolheu, respectivamente, as figuras de Roberto Araújo, Almada Brito e Wágner Cardoso de Lima. Mas citou também como exemplo de dirigentes abnegados, entre outros, Vicente Barata, Adauto Frota, Sebastião Alencar, Eugênio Mansour, Zé Américo, Martim Bruzugu e Professor Gadelha.

Vasco da Gama – 1987. Em pé, da esquerda para a direita: Ademir Sena (vice-presidente), Juarez, Da Gata, Ericson, Neném, Boroco, Morais, Vianinha (técnico) e Paulo Maia (presidente). Agachados: Rônei, Valdé, Roberto, Geovani, Zé Gilberto e Papelim. Foto/Acervo Paulo Maia.

Sobre o adversário que melhor lhe marcava nos seus tempos de jogador, Ademir citou o nome do Borges, do Floresta. “Era uma verdadeira pulga, não me deixava em paz um momento”, garantiu ele. E quanto aos melhores parceiros em campo, o ex-craque lembrou do atacante Anísio e dos meio-campistas Carlinhos e Gilson. “A gente se entendia bem”, afirmou.

Uma sugestão para melhorar o futebol regional? O ex-craque tem na ponta da língua. “Tudo depende da criação de uma infraestrutura como, por exemplo, a implantação de arenas destinadas a caçar talentos. Se os nossos governantes resolverem investir no esporte, principalmente no futebol, com certeza aparecerão muitos talentos nas cidades acreanas”, finalizou Ademir.