Nascido no distrito Corcovado, município de Tarauacá, no dia 18 de fevereiro de 1956, o hoje advogado Ademir Sena de Sousa fez história como armador e ponta de lança do Vasco da Gama, tanto nos juvenis quanto no time principal, a partir de 1972. Talento precoce, durante vários anos ele disputou simultaneamente os campeonatos acreanos das duas categorias.
“Fui levado para o Vasco pelo goleiro João Petrolitano. Fui muito bem recebido por todos do clube. O juvenil do Vasco era uma das melhores equipes da categoria e eu logo me firmei com titular da camisa 10. O técnico era o professor Valdemar Marques, o Valdé. Um profissional gabaritado, formador de caráter e moral dos atletas que ele dirigia”, disse Ademir Sena.
Antes de completar um ano no time juvenil, Ademir já foi convocado para a equipe principal, tendo a oportunidade de atuar junto com jogadores já consagrados do futebol acreano de então. Casos, por exemplo, do goleiro Benevides, dos laterais Carlos 40 e Melquiades, dos zagueiros Carlito Viegas e Messias, do meia Gilson, além dos atacantes Tasso, Agnaldo e Jersey.
O ex-craque, cuja estreia foi numa vitória de 3 a 1 contra o Atlético Acreano, parou de jogar em 1980, aos 24 anos, depois de passagens pelo Amapá e pelo Internacional. De acordo com ele, três fatores contribuíram para esse abandono precoce dos gramados: o ingresso no curso de Direito, o casamento e o trabalho na Receita Federal. “Fiquei sem tempo”, explicou.
Momentos marcantes e experiência como dirigente
Durante o seu tempo de bola, o ex-craque foi três vezes campeão do Torneio da Imprensa. Mas o momento que ele elegeu como inesquecível não foi o da conquista de nenhum troféu. Esse momento para ele foi uma virada do Vasco sobre o Independência, de 2 0 para 3 a 2. E a maior decepção foi uma derrota de 2 a 1 para o Rio Branco, no returno do campeonato de 1973.
Bola à parte, alguns anos após pendurar as chuteiras Ademir viveu duas experiências como dirigente. Uma como diretor-técnico da Federação Acreana de Desportos (FAD), no período de 1984 a 1986, a convite do presidente da instituição, Aquino Lopes. Depois, como vice-presidente do Vasco, no mandato do presidente Paulo Maia, entre os anos de 1987 e 1988.
Na federação, Ademir afirmou que o trabalho desenvolvido girou em torno de um processo de moralização e modernização da entidade. “Foi um período”, garantiu o ex-dirigente, “que a federação ganhou muita credibilidade no meio esportivo brasileiro. Inclusive, não tivemos nessa época nem uma virada de mesa ou título disputado no famigerado tapetão”.
Na direção do Vasco, Ademir listou como principais realizações a revitalização da Fazendinha, campo de treinos do time, a organização parcial do quadro de associados do clube e a contratação de algumas figuras importantes, como o técnico cearense Vianinha e os jogadores Papelim e Raimundinho Bala. “Acredito que o trabalho foi bem realizado”, disse ele.
Grandes nomes do futebol acreano
O ex-craque e ex-dirigente Ademir Sena não hesitou quando lhe foi solicitada a escalação de uma seleção acreana de todos os tempos. Para ele, essa seleção formaria com Zé Augusto; Chico Alab, Neórico, Curica e Antônio Maria; Tadeu Belém, Dadão, Carlinhos Bonamigo e Ademir Sena; Gil e Artur. “Esse seria um time de ótimo nível técnico”, explicou Ademir.
Na condição de melhores técnico, dirigente e árbitro, Ademir escolheu, respectivamente, as figuras de Roberto Araújo, Almada Brito e Wágner Cardoso de Lima. Mas citou também como exemplo de dirigentes abnegados, entre outros, Vicente Barata, Adauto Frota, Sebastião Alencar, Eugênio Mansour, Zé Américo, Martim Bruzugu e Professor Gadelha.
Sobre o adversário que melhor lhe marcava nos seus tempos de jogador, Ademir citou o nome do Borges, do Floresta. “Era uma verdadeira pulga, não me deixava em paz um momento”, garantiu ele. E quanto aos melhores parceiros em campo, o ex-craque lembrou do atacante Anísio e dos meio-campistas Carlinhos e Gilson. “A gente se entendia bem”, afirmou.
Uma sugestão para melhorar o futebol regional? O ex-craque tem na ponta da língua. “Tudo depende da criação de uma infraestrutura como, por exemplo, a implantação de arenas destinadas a caçar talentos. Se os nossos governantes resolverem investir no esporte, principalmente no futebol, com certeza aparecerão muitos talentos nas cidades acreanas”, finalizou Ademir.