O coração do astro Diego Armando Maradona, de 60 anos, deixou de pulsar na manhã dessa quarta-feira (25). O ex-atleta havia passado, recentemente, por um procedimento cirúrgico e se recuperava em casa, mas sofreu uma parada cardiorrespiratória, não resistindo e vindo a óbito.
Maradona era um gênio com a bola nos pés, tão espetacular quanto o Pelé. Na Copa do Mundo, ocorrida no México em 1986, foi o “cara” e levou a Argentina ao bicampeonato mundial. Lembro de dois gols inesquecíveis dele marcados na vitória contra a Inglaterra.
O primeiro usando a malandragem (gol de mão, que ficou batizado como a mão de Deus) e o segundo limpando a defesa inglesa a partir do meio-campo (esse gol assisti ao vivo e vibrei como se fosse um gol do Brasil). A grande característica de seu futebol era a técnica refinada, a visão de jogo e espírito de liderança.
Privilégio
Em março de 1993, fui um dos 47.095 privilegiados a assistir, ao vivo, no estádio do Morumbi, o amistoso de entrega de faixas do São Paulo diante do Sevilla-ESP, pelo título do Mundial de Clubes de 1992. A grande atração do jogo não eram os talentosos Ray, Cafu, Zetti (campeões mundiais de 1994), Palhinha entre outras feras do técnico Telê Santana, mas sim, o argentino Dom Diego Maradona. Lembro-me que a partida foi disputa numa tarde e noite de sábado. Ray marcou duas vezes e comandou o trinfo do tricolor paulista por 2 a 0.
Carreira
Na carreira, Diego Maradona entrou em campo 720 vezes (1976-1998). O craque argentino, além de atuar pela Seleção Argentina (foram quatro Copas do Mundo FIFA), vestiu a camisa de seis clubes, marcando 362 gols. Veja a lista: Argentinos Juniors-ARG (116), Boca Juniors-ARG (54) Barcelona-ESP (38), Napoli-ITA (115), Sevilla-ESP (5), Newell’s Old Boys-ARG (00) e Seleção Argentina (34).
Entre os jogadores brasileiros, Maradona fez bons amigos, apesar de um ou outra desavença com o Rei Pelé. No entanto, o atacante Careca, segundo ele próprio, foi o parceiro ideal durante sua trajetória nos gramados (ambos jogaram no Napoli-ITA de 1987 a 1993). No time do sul da Itália o gênio argentino conquistou dois campeonatos nacionais (1986/1987 e 1989/1990). Também foi artilheiro do Italiano na temporada de 1987/1988. Porém, a grande proeza de Diego Maradona com a camisa napolitana ocorreu na temporada de 1988/1989, quando o clube italiano ergueu o troféu de campeão da Copa da Uefa.
Em entrevista ao site da FIFA, em 2017, Maradona disse que a “melhor partida” de sua vida foi o nascimento de seus filhos. O astro elegeu a Seleção Argentina que venceu o Mundial sub-20 de 1979 como a melhor equipe em que atuou. O estádio Wembley foi escolhido como seu favorito.
Socialista
Como ser humano era carismático e jamais escondeu sua opção política pela esquerda. Foi amigo pessoal de Fidel Castro e quis o destino que Dom Diego viesse a óbito na mesma data do falecimento do líder revolucionário cubano.
FRASE
“Eu sei o que é não ter o que comer. Por isso estou à disposição, presidente!”
Maradona, sobre o imposto das grandes fortunas na Argentina
História da vida
Dom Diego Maradona sempre teve uma vida intensa. Era ser humano festeiro e acabou se envolvendo no mundo das drogas, tanto que foi suspenso durante a disputa da Copa do Mundo de 1994, após exame antidoping detectar uso de cocaína.
No Carnaval do Rio de Janeiro de 2006, já com vários chopps ingeridos, resolveu usar uma camisa dada por um Gari (Renato Sorriso) que prestava serviço na Sapucaí. Foi um deus nos acuda nos camarotes para convencer o “Pibe” a não usar a camisa naquele recinto, pois era proibido o uso de qualquer objeto com propaganda de empresas que não fizessem a fazer parte da linha de patrocinadores do evento.
