Francisco Dandão
O hoje fisioterapeuta Adrian Allen Moreno dos Santos, nascido em Rio Branco, no dia 8 de abril de 1957, foi um dos maiores jogadores de futebol de salão do Acre. Filho do falecido jogador e técnico de futebol Alício Santos e irmão do ex-meia Arthur Santos, pode-se dizer que Adrian herdou o DNA da família, tratando a bola sempre com a maior intimidade.
É preciso, entretanto, esclarecer que o futebol de salão foi uma opção dele, uma vez que também havia vaga para o seu talento no futebol de campo, onde o referido personagem começou, em 1971, no infantil do Juventus, sendo alçado ao time juvenil do mesmo Clube da Águia em 1973. Durante algum tempo ele, de fato, acabou praticando muito bem as duas modalidades.
“Os primeiros times uniformizados que eu joguei, no salão, aí por volta dos 14 anos, foram o Taubaté, do Neto Thaumaturgo, e o Grêmio, do Hiram Portela. A gente costumava jogar na quadra do Colégio Acreano, pertinho de onde eu morava. No campo, eu iniciei no dente de leite do Juventus, treinado pelo Elísio Mansour e pelo Jesus Lima”, disse Adrian.
No gramado, apesar de destro, Adrian jogava de lateral-esquerdo. Na quadra, cujo primeiro jogo oficial, pelo Juventus, em 1973, foi contra o Rio Branco, Adrian entrou como ala direita. “Com o tempo, eu passei de ala para fixo. E quanto a esse primeiro jogo, que aconteceu na quadra da Habitasa, nós ganhamos bem, apesar do gol contra que eu fiz”, afirmou o personagem.
Experiência fora do Acre
Em 1975, Adrian viajou para Petrópolis, no interior do Rio de Janeiro, para cursar o segundo grau. Na cidade, logo a habilidade dele com a bola pesada foi notada e ele virou titular do Colégio Werneck no campeonato estudantil petropolitano. Daí a ser convocado para a seleção da cidade, ainda como ala, foi só questão de algum tempo e umas quantas boas exibições.
Quando voltou para o Acre, em 1978, Adrian foi disputar o recém criado Campeonato Interbairros de Futebol de Salão pelo Benjamin Constant, time da rua onde ele morava. No ano seguinte, foi a vez dele vestir a camisa do Amapá, no Campeonato Acreano da modalidade. “Fui para o Amapá a convite do Toniquim e me sagrei vice-campeão”, disse o ex-craque.
De acordo com Adrian, “o campeonato estadual de futebol de salão deste ano foi um dos maiores eventos da cidade. Os jogos, que eram disputados na quadra da Polícia Militar, recebiam um público bastante numeroso. Havia muita vibração, muita animação e os jogadores, de modo geral, tinham muita qualidade técnica. Foi, de fato, uma ótima experiência”.
Daí até meados da década de 1980, quando decidiu estudar fisioterapia, em Batatais, interior de São Paulo, Adrian defendeu o Juventus, o Independência e o Banacre, além de ser convocado várias vezes para a seleção acreana. “Não lembro quantos títulos ganhei, mas sei que foram muitos e sei que a maioria foi jogando pelo Juventus”, explicou o ex-ala/fixo.
Destaques do futebol de salão acreano
Adrian não teve problemas para eleger os melhores jogadores do futebol de salão do seu tempo. Para ele, um time de altíssimo nível formaria com Lauro Fontes; Jorge Tijolo, Marcos Almeida, Cirênio e Casquinha. E para a suplência destes figurariam Auzemir; Pedrinho Peixoto, Ney, Didi e Pereirinha. Como melhor técnico ele citou o professor Álvaro “Curu”.
No que concerne ao jogador mais complicado que teve que marcar, Adrian garantiu que foi o maranhense Pereirinha. “Ele era rápido, habilidoso, muito catimbeiro e conhecia como poucos os segredos da quadra”, afirmou. E no que diz respeito ao seu melhor parceiro, Adrian garantiu que foi o Neto Thaumaturgo, lamentando que este tenha parado muito cedo com a bola.
Sobre este parceiro, aliás, Adrian até dá exemplo de uma situação que comprova o entrosamento dos dois. “A gente atuava pelo Juventus e estava perdendo um jogo por 3 a 1, para o Internacional, na quadra do Triângulo. Fui até o nosso banco de reservas e sugeri para o técnico Álvaro Curu que mandasse o Neto entrar. Feita a substituição, viramos para 5 a 3”, disse.
Para concluir, Adrian contou uma história pitoresca do seu tempo de bola. “Eu jogava no infantil do Juventus e o meu pai estava na arquibancada. Aí, quando fiz uma jogada driblando meio mundo, alguém perguntou quem era aquele moleque. Ninguém respondeu. Depois, quando dei um sarrafo num adversário, disseram que o ‘cavalinho’ era filho do Alício Santos”.