Francisco Dandão
Nascido em Cruzeiro do Sul, no dia 2 de janeiro de 1956, o atacante Anísio Rodrigues da Rocha Filho foi um desses talentos precoces do futebol do interior do Acre. Canhoto e driblador, jogando tanto pela ponta-esquerda como no meio de campo, aos 13 anos ele já integrava o elenco principal do Náuas, da sua cidade natal, escalado pelo treinador/presidente Emiliano.
Foram necessárias somente quatro temporadas para que Anísio chamasse a atenção dos times da capital. Isso aconteceu quando o Vasco da Gama, de Rio Branco, fez uma excursão a Cruzeiro do Sul, no primeiro semestre de 1973. Anísio deu um verdadeiro show naquele dia e o jogo terminou empatado em 1 a 1, com o gol do Náuas sendo marcado por ele.
O jovem atacante foi tão bem sucedido que logo após o jogo ele foi procurado pelo técnico Roberto Araújo e pelo presidente Almada Brito com uma proposta para vestir a camisa do Almirante da Fazendinha. Era tudo o que Anísio queria: mostrar o seu belo futebol em outras paragens. Com o consentimento dos pais, o craque arrumou as malas e rumou para a capital.
“No jogo contra o Vasco, em Cruzeiro do Sul, eu acabei com um lateral chamado Carlos 40. Foi isso que me credenciou a ser convidado pelos dirigentes vascaínos para vestir a camisa do clube. Mas quando eu cheguei em Rio Branco, ainda fiz alguns jogos pela equipe juvenil. Não demorei, porém, a estrear no time de cima, num jogo contra o Andirá”, revelou Anísio.
Melhores anos e outras camisas
Com o passar dos anos, as ótimas exibições de Anísio fizeram o Vasco ficar pequeno para o futebol dele. E aí surgiu o interesse do Juventus, clube para o qual o craque se mudou em 1976, a convite do dirigente Elias Mansour Simão Filho, e onde teve a oportunidade de sagrar-se várias vezes campeão estadual, além de conquistar o título do Copão da Amazônia de 1981.
“Jogar no Juventus foi a realização de um sonho. O Clube da Águia reunia os melhores craques do futebol acreano. Joguei ao lado de gente do porte do Julião, Carlinhos Bonamigo, Pitola, Mustafa, Mauro, Emílson… Estreei num jogo contra o Rio Branco. Mas também foi lá que eu sofri uma grande decepção, quando comecei a ser reserva, em 1982”, disse Anísio.
Ao ver sua titularidade contestada no Juventus, Anísio entendeu que havia chegado a hora de procurar outros ares. Foi, então, que caiu nas suas mãos uma boa proposta do Atlético Acreano, no mesmo ano de 1982. O atacante se mudou para o terreiro do Galo por uma temporada. Quando chegou 1983, o dirigente Adalberto Aragão o levou para o Independência.
Em 1986, Anísio voltou para o Atlético e vestiu a sua última camisa como jogador de futebol. Alguns meses após completar 30 anos, o ponteiro pendurou as chuteiras, embora ainda estivesse na plenitude da sua forma física. “Dois fatores contribuíram pra eu parar com a bola: o trabalho como servidor público e o nascimento da primeira filha”, explicou o personagem.
Nomes em destaque
Dos seus anos de bola, Anísio guarda com carinho na memória os nomes de muita gente. Para ele, o seu grande parceiro, tanto dentro quanto fora de campo, foi o meia Carlinhos Bonamigo. Quanto ao lateral que mais lhe causava transtorno, ele citou Paulo Roberto. “Ele era muito técnico e me marcava bem, a ponto de me deixar irritado, de vez em quando” contou.
No que diz respeito ao melhor técnico e dirigente, ele citou, respectivamente, Roberto Araújo e Almada Brito. “O Roberto Araújo via em mim um grande potencial e me deixava jogar à vontade. Eu tinha liberdade para tomar a iniciativa das jogadas. E o professor Almada Brito, pessoa íntegra e ética, era um verdadeiro pai para todos os atletas”, disse Anísio.
E sobre uma seleção dos anos de 1970/1980, Anísio escalou o seguinte time: Ilzomar (Rio Branco); Mauro (Juventus), Palheta (Independência), Neórico (Juventus) e Duda (Rio Branco); Vale (Rio Branco), Dadão (Juventus) e Carlinhos Bonamigo (Juventus); Julião (Juventus), Guedes (Atlético) e Anísio (Juventus). “Timaço, sem defeito”, afirmou o ex-craque.
Para fechar a matéria, Anísio não se eximiu de dizer a fórmula para o futebol acreano evoluir no cenário nacional. Segundo ele, duas coisas são necessárias: o patrocínio de empresas privadas e o investimento nas categorias de base. “Eu sei que tudo isso é muito difícil numa economia como a do Acre. Mas eu acho que o caminho é mesmo por aí”, finalizou.