Se tem uma coisa que passa como um raio, essa coisa se chama tempo. E cada vez que a gente vai envelhecendo, parece que ele (o tempo) se desloca numa velocidade mais e mais alucinante. Dessa forma, não raro a gente se pega lembrando de alguma coisa que aconteceu há muitos anos (ou décadas).
Essas reflexões me ocorrem por conta do aniversário de 22 anos da maior conquista do futebol acreano, que ocorre neste sábado (4 de maio): a Copa Norte de 1997, vencida pelo Rio Branco, decidida em jogos de ida e volta contra o Clube do Remo. O primeiro jogo no Acre e o segundo no Pará.
Aquela Copa Norte, a primeira, foi disputada por dez clubes, divididos em dois grupos. No Grupo A ficaram Remo e Tuna Luso (PA), Imperatriz (MA), Ypiranga (AP) e 4 de Julho (PI). O Grupo B foi formado por Rio Branco e Independência (AC), Ji-Paraná (RO), Nacional (AM) e Baré (RR).
Após a primeira fase da disputa, o Remo venceu o Grupo A com quatro vitórias em igual número de jogos: 2 a 0 no 4 de Julho, 2 a 0 no Ypiranga, 4 a 1 na Tuna Luso e 2 a 0 no Imperatriz. Dez gols marcados e somente um sofrido. Saldo de nove. Artilharia pesada e defesa seguríssima.
Já o Rio Branco, o famoso Estrelão, empatou um e venceu três dos seus jogos na primeira fase: na estreia não saiu do zero, com o rondoniense Ji-Paraná, mas venceu em seguida o roraimense Baré por 1 a 0, o também acreano Independência por 1 a 0, e o amazonense Nacional por 4 a 1.
Como o Remo tinha melhor campanha, ganhou o direito de jogar a segunda partida da decisão nos seus domínios. Veio então o primeiro jogo, no Acre, e o placar registrou um empate em zero a zero. Tudo levava a crer que vencer em Belém seria barbada. Pelo menos os paraenses acreditavam.
Foi nesse ponto que os deuses do imponderável resolveram interferir. E assim, em pleno Mangueirão, no dia 4 de maio de 1997, o Estrelão de todas as glórias passou por cima do Leão azulino, vencendo por 2 a 1, com gols de Palmiro e Venícius. Contra todos os prognósticos deu Rio Branco em Belém.
Até esse ponto da crônica, porém, eu não disse nada que ninguém já não soubesse. O que provavelmente poucos sabem foi o que aconteceu na noite anterior ao confronto entre estrelados e azulinos, quando o treinador do Rio Branco, o mago Marcelo Altino, desapareceu por algumas horas.
Em princípio, se imaginou que o mago teria ido descontrair numa boate chamada Lapinha. Alguém foi até procura-lo no local. Ele não estava lá. Quando voltou ao hotel, o mago explicou que havia ido rezar na Catedral de Nossa Senhora de Nazaré. E ainda jurou por Deus que foi isso mesmo.