Ausências

Dois personagens da história do futebol acreano saltaram para o abismo da metafísica nessa semana que recém passou: Albertino Viana Chaves, antigo militante da crônica esportiva, e Ilzomar Pontes do Rosário, goleiro que defendeu a meta de todos os grandes clubes do futebol local.

Albertino Chaves, ressalte-se, não passou pelo futebol acreano somente como cronista esportivo (uma hora fazendo comentários radiofônicos, outra hora escrevendo em jornais). Ele também, lá pela década de 1970, fez parte do quadro de árbitros da Federação Acreana de Desportos.

No tocante ao jornalismo esportivo, chegamos a trabalhar juntos no diário O Rio Branco, entre os anos de 1983 e 1984. Eu na qualidade de editor, assinando os meus textos como FM Pinheiro (os arquivos estão aí para provar), e ele como repórter. Um repórter, a propósito, pra lá de incansável.

Depois do Copão da Amazônia de 1984, cujas finais foram realizadas em Macapá, eu precisei me afastar do jornal por conta de um curso de Direito em andamento e, também, por causa de um cargo que assumi na Universidade Federal do Acre. Daí pra frente, o Albertino tocou o barco.

A trajetória brilhante do paraense Ilzomar, por seu turno, foi construída toda dentro dos gramados. Aos 17 anos, no segundo semestre de 1976, ele já era o goleiro titular do time profissional do Sport Clube Belém, tendo como suplente um goleiro bem mais experiente chamado Lauro.

O caminho para o Acre surgiu no ano seguinte, 1977, atendendo ao convite de um outro jogador chamado Silva que havia jogado no ano anterior pelo Rio Branco. Silva, conhecido dos dirigentes do Independência, foi incumbido de conseguir um goleiro para o Tricolor. E Ilzomar foi escolhido.

Ilzomar costumava contar que a primeira impressão que causou ao chegar ao Acre foi a pior possível, dada a sua baixa estatura para jogar como goleiro. Dizia que chegou a ser hostilizado pela torcida do Independência. Mas, segundo afirmava, bastou um treino para cair nas graças da galera.

Tanto caiu nas graças da galera quanto virou objeto do desejo de todos os grandes clubes da época em atividade no futebol acreano. Todos os finais de ano, ele era procurado para mudar de camisa, sempre com propostas financeiras superiores às do time anterior. E ele não se fazia de rogado!

Enfim, as presenças de Albertino e Ilzomar foram arrancadas da nossa dimensão. Não poderemos vê-los mais, seja nas arquibancadas dos estádios, seja nas esquinas da cidade. Mas se olharmos com cuidado para o alto, certamente encontraremos duas novas estrelas brilhando no céu noturno!