Francisco Dandão
Dia 17 de fevereiro se completou 10 anos do falecimento de um dos maiores centroavantes do passado do futebol acreano, que mostrou o seu futebol eficiente no Stadium José de Melo entre as décadas de 1950 e 1970. Falo de Ayrton Ibyanez da Silva Rosas, o Ayrton Baú, pai do ex-lateral/zagueiro Markito e tio dos também ex-jogadores Paulinho e Leonildo.
Ayrton começou a sua carreira esportiva em Cruzeiro do Sul, onde nasceu no dia 27 de março de 1937. Alto e esguio, perfeito nos arremates, tanto com o pé esquerdo quanto com o direito, ele mal entrou na adolescência e já era disputado pelos times adultos da Terra dos Náuas. Além disso, desde o começo o craque cruzeirense se notabilizou pelas cabeçadas mortais.
Com toda a bola que o adolescente Ayrton Ibyanez da Silva Rosas jogava, era impossível que ele não fosse transferido para os times da capital acreana. Então, aos 17 anos, no primeiro semestre de 1954, tão jovem que sequer tinha muitos pelos no rosto, Ayrton mudou-se para o Independência, pelas mãos do então senador cruzeirense José Ruy da Silveira Lino.
A partir daí, com a camisa do Tricolor de Aço e dono do seu próprio destino, Ayrton virou o terror das defesas adversárias. E nessa condição, o seu futebol passou a ser cobiçado pelos principais times do Acre. Tanto que ele, até o final da sua carreira, em meados da década de 1970, vestiu outras cinco camisas: Juventus, Rio Branco, Atlético, Andirá e Floresta.
Fundação do Juventus e pedrada na cabeça
Em 1966, a convite do professor Elias Mansour Simão Filho, Ayrton estava entre os membros do grupo que fundou o Atlético Clube Juventus, numa reunião realizada no Instituto Nossa Senhora das Dores, o Colégio dos Padres, cuja sede se situava na Av. Epaminondas Jácome. E, como não poderia deixar de ser, ele fez parte do primeiro elenco do Clube da Águia.
O Juventus do atacante Ayrton Ibyanez surgiu no cenário do futebol acreano de forma avassaladora, sagrando-se campeão já no ano de fundação, sendo que entre as estrelas do elenco juventino, além de Ayrton, figuravam os nomes de Touca, Elísio, Carreon, Roney Neves, Campos Pereira, Eloy, Zé Melo, Chico Muniz, Tancremildo, Estevão, Nemetala e Carlos Mendes.
Mas nem tudo foi sucesso na vida do artilheiro. Foi no próprio Juventus que Ayrton viveu o seu maior drama enquanto jogador de futebol. É que lá pelas tantas, jogando um clássico contra o Atlético, ao comemorar um gol do Clube da Águia, Ayrton levou uma tijolada na cabeça, desferida por um torcedor atleticano “entrincheirado” no alambrado do lado do Vietnã.
Provavelmente, o torcedor não “mirou” a cabeça do artilheiro Ayrton. Inconformado, o dito cujo arremessou o tijolo no bolo de jogadores que comemoravam o gol juventino. Foi uma atitude irresponsável, mas sem endereço premeditado. Azar do craque que caiu em campo desacordado no mesmo instante e depois teve que passar meses em tratamento fora do estado.
O herdeiro Markito
Dos quatro filhos de Ayrton (Luís Aníbal, Marcos Ayrton, José Ayson e César Renato) apenas o segundo seguiu os caminhos dele no futebol. Embora tenha largado cedo o contato com a bola, Markito, que jogava como quarto-zagueiro e lateral-esquerdo, chegou a defender a seleção acreana de juniores, sendo considerado um jovem promissor no final dos anos 1970.
Markito começou na base do mesmo Juventus que seu pai ajudou a fundar. Mas se desiludiu de seguir a carreira de jogador quando estourou a idade nos juniores e foi preterido no time principal para um lateral que o Clube da Águia foi pegar fora do estado. Ele ainda disputou um campeonato adulto pelo Internacional, em 1983, mas o entusiasmo já não era o mesmo.
“Eu estava subindo para o time principal. Cheguei a ser escalado pelo Tinoco. Estreei contra o Rio Branco. Até viajei para um Copão da Amazônia. Era eu e o Cara Rachada que estávamos cotados para subir. Mas aí os dirigentes mandaram buscar o César. Preferi parar, depois de avisar ao Elias [presidente do Juventus]. Isso aí por volta de 1982”, explicou Markito.
Para finalizar, Markito falou sobre o drama vivido pelo pai. “Embora ele tenha morrido anos depois, os médicos confirmaram que foi por conta da pedrada que ele levou no jogo contra o Galo. Talvez ele não tenha morrido mais rápido por causa do tratamento que fez no Rio de Janeiro, bancado pelo dirigente Elias Mansour e pelos meus avós Aníbal e Manduquinha”.