Francisco Dandão
Acreano de Xapuri, o ex-lateral Alzerino Paiva de Souza, conhecido pela alcunha de Azeitona, vestiu apenas duas camisas de clubes federados nos seus 13 anos de bola: a do Atlético Acreano (juvenil, de 1972 a 1975) e a do Amapá (de 1976 a 1984). Nascido no dia 4 de dezembro de 1955, ele pendurou as chuteiras pouco antes de completar 29 anos de idade.
A paixão pela bola começou cedo na vida de Azeitona. Ainda criança, ele já era titular absoluto na zaga central do time infantil da Ponte Preta, em animados torneios de fim de semana realizados no estádio Armando Jobim, no segundo distrito de Rio Branco. Daí para os juvenis do Atlético, levado pelo então lateral Belo, amigo do bairro 15, foi só questão de tempo.
Quando Azeitona chegou ao Galo havia uma enorme concorrência na posição de origem dele. Mas o velho João Pedro (seu Jaú), funcionário do clube atleticano que acumulava as funções de massagista, zelador e treinador do time juvenil, entendeu que não podia prescindir do futebol daquele menino. E aí o escalou na lateral-direita, local de onde ele nunca mais saiu.
“O juvenil do Galo, naquele tempo, era um verdadeiro celeiro de promessas. Tanto que vários dos meus parceiros se transformaram em nomes consagrados do futebol acreano. Casos, por exemplo, do Mário Sales, do Mauro Gomes, do Pintinho e do Zequinha. Sem falar do Niltinho, que foi para o Botafogo carioca, com o apelido de Gaúcho Lima”, disse Azeitona.
Amapá, a segunda e definitiva camisa
Enquanto estava nos juvenis do Atlético, eventualmente Azeitona era chamado para compor o banco de reservas da equipe principal, àquela altura comandada pelo professor Elden Guedes de Paiva e Mello, o popular Fuzarca. A ideia do técnico era a de que Azeitona fosse ganhando experiência para, num futuro não muito distante, ocupar a vaga de titular.
Em 1976, porém, esses planos de titularidade no Atlético foram por água abaixo, uma vez que o técnico Fuzarca foi substituído pelo professor Walter Félix de Souza, conhecido como Té. Este, por sua vez, preferia trabalhar com jogadores consagrados, não dando muito espaço para jovens jogadores. Aí Azeitona entendeu que havia chegado a hora de trocar de ares.
Coincidentemente, por aqueles dias de 1976, um novo time começava a surgir no segundo distrito de Rio Branco: o Amapá Futebol Clube. Azeitona foi convidado pelo dirigente Antônio Aquino Lopes (Toniquim) para ajudar, tanto na formação quanto dentro de campo, a agremiação nascente. O lateral topou e entrou de corpo e alma na nova empreitada.
“O Amapá era pra mim como uma extensão da minha casa. Nós criamos uma ligação profunda, talvez porque eu participei de todas as etapas da vida do clube, desde a fundação, passando pelos primeiros campeonatos, numa divisão menor, a subida para a divisão principal, até o encerramento das atividades, com a chegada do profissionalismo”, contou Azeitona.
Passagem pela Contag e nomes em destaque
Um ano depois de ingressar no Amapá, Azeitona teve uma breve passagem pelo time estadual da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), num torneio disputado em Brasília, contra unidades de todo o Brasil. Embora breve, só pelo período de uma competição, o ex-lateral considera ter sido essa uma das grandes alegrias da sua carreira.
Sobre o fato de ter pendurado as chuteiras tão cedo, ele explicou que dois fatos contribuíram para isso: o casamento e a chance de se transformar em representante de uma empresa farmacêutica (ocupação que ele mantém até hoje). Mas nada disso o fez largar o esporte. Ele deixou de jogar mas passou um tempo como dirigente. Primeiro do Amapá e depois do Atlético.
No que diz respeito aos melhores técnico, dirigente e árbitro do futebol acreano, Alzerino “Azeitona” Paiva de Souza é enfático em citar, respectivamente, o professor Fuzarca (“pelo conhecimento e capacidade de ensinar”) o presidente da Federação Toniquim (“pela competência em administrar”) e Antônio Moreira (“pela maneira de conduzir as partidas”).
Para finalizar, o ex-lateral não hesitou em escolher a sua seleção acreana de todos os tempos. Para ele, um time perfeito formaria com: Klowsbey; Paulo Roberto, Neórico, Paulão e Tonho; Tadeu, Dadão, Mariceudo e Carlinhos Bonamigo; Jangito e Paulinho Rosas. Reservas: Ilzomar, Gilmar, Mauro, Mário Vieira e Gil. “Todos fora de série”, garantiu.