Eu sou de uma geração cuja principal fonte de informação era a palavra escrita, seja de forma impressa ou manuscrita. Por manuscrita, faço alusão às cartas que eram entregues pelo serviço dos Correios, às vezes com um atraso considerável. Por impressa, me refiro a todo o resto: revistas etc.
A palavra impressa, cuja invenção é atribuída ao alemão Gutenberg (há quem diga que um chinês o precedeu nessa técnica) foi a primeira forma de comunicação em larga escala. Só depois, bem depois, é que vieram o brasileiro padre Landell de Moura e o italiano Marconi (os caras do rádio).
Como ninguém anda para trás, os anos passaram, a tecnologia deu um salto gigantesco e, nos dias presentes, tanto a palavra impressa quanto o rádio perderam a sua primazia no mundo das comunicações de massa. E agora são os smartphones que nos trazem as notícias do universo, em tempo (ir)real!
Entretanto (como aquela pedra do poema do Drummond de Andrade, há sempre uma conjunção no meio do caminho), apesar dos “smarts”, eu ainda sou uma espécie de cultor da palavra impressa. Não posso ver uma livraria ou uma banca de revista que já vou entrando pra dar um “bizu”.
Pena (para mim e para outros saudosistas/românticos como eu) que tanto as livrarias quanto as bancas de revistas estejam minguando. É a lei do mercado: só existe oferta se existir demanda. Se a demanda está diminuindo é natural que a oferta também sofra um igual processo de retração.
Em qualquer cidade brasileira (ou do planeta), se o sujeito demorar muito para ir a um endereço onde havia uma banca de revista ou livraria pode não mais encontrá-la. Pode haver no local qualquer outro empreendimento ou nada. Só um espaço vazio. E os livros e revistas, sabe-se lá aonde foram.
Eu lembro, nessa onda de nostalgia de um passado que jamais voltará, que em Rio Branco havia dezenas de bancas de revistas. E a gente, mesmo sem marcar encontro, se encontrava por lá para pegar o jornal do dia. E as notícias, além das páginas, acabavam também correndo de boca em boca.
Não sei quantas daquelas antigas bancas de revistas de Rio Branco resistiram à passagem do tempo e à chegada das novas tecnologias. O que sei é que uma delas, embora combalida, continua de pé, na praça Eurico Gaspar Dutra, em frente ao Palácio Rio Branco: a lendária Banca do Pelé.
É certo, porém, que até a Banca do Pelé um dia sucumbirá, se não for feito um esforço, principalmente por parte do poder público, para mantê-la existindo. Ainda que os leitores desapareçam, a Banca do Pelé merece permanecer naquele lugar, nem que seja como testemunha de uma época!