No sistema capitalista o dinheiro sempre fala mais alto. Quem tem mais garrafa pra vender vai estar também em melhores condições de levar para o seu lado o que lhe aprouver. E quem não tem, o jeito é usar os seus parcos recursos para cultivar em casa o que for precisar no futuro.
Assim, considerando que tudo o que eu disse no parágrafo anterior tem alguma coerência, é que no futebol o clube de maior poderio financeiro pode sair pelo mundo comprando os jogadores mais capacitados. E os que não tem essa garrafa toda em estoque necessitam criar os seus craques em casa.
Durante a vida toda tem sido dessa forma a relação entre o Brasil e a Europa. País de moeda eternamente efêmera, a nação verde e amarelo jamais comprou um supercraque europeu, um cara que estivesse no auge da forma. Isso seria uma absurda inversão dos valores planetariamente estabelecidos.
Ao contrário disso, os clubes brasileiros são obrigados a cada vez mais cultivar as suas promessas de craques. Os clubes daqui precisam descobrir meninos com potencial e lapidá-los, como se faz com os diamantes em estado latente. Os meninos são a possibilidade de dinheiro em caixa.
Nesse sentido, a julgar pelas últimas atuações das seleções brasileiras sub-20 e sub-17 nos respectivos campeonatos sul-americanos, vem tempos de vacas magras e cofres ainda mais combalidos por aí. Tanto uma seleção quanto a outra não jogaram coisa alguma contra os rivais do continente.
A seleção sub-20 só venceu um joguinho no hexagonal final (1 a 0 na Argentina), empatando outros dois (0 a 0 com a Colômbia e 0 a 0 com o Equador). Perdeu para o Uruguai (3 a 2) e para a Venezuela (2 a 0). Sim, perdeu para a Venezuela. Ficou em quinto lugar e não vai jogar o Mundial.
Da seleção sub-17 os frutos que caíram ao chão foram mais podres ainda. Os meninos sequer passaram para o hexagonal final. No último jogo, contra a Argentina, poderiam perder por até dois gols de diferença que passariam de fase. Pois os caras perderam por 3 a 0. E foram eliminados!
Eu ousaria dizer que o nível da base do futebol brasileiro nos dias que correm está quase igual ao da Bolívia. Só ainda não chegou ao mesmo patamar porque os bolivianos sempre foram piores do refresco de tabaco. E porque no Brasil ainda se pode vislumbrar aqui e ali alguma boa promessa.
De qualquer forma, por isso ou por aquilo, o fato é que uma luz amarela se acendeu no futebol brasileiro depois das péssimas campanhas das seleções de base nos recentes campeonatos sul-americanos. Sem base forte não há dinheiro para entrar nos cofres. Sem base forte nem futuro existe!