O radialista Natal de Brito durante momento de confraternização com colegas de trabalho e amigos. Foto/Blog Alma Acreana

Blog elege Natal de Brito o melhor radialista da história do rádio acreano

MANOEL FAÇANHA

O Blog Alma Acreana promoveu durante a última semana o concurso “O comunicador Hors Concours do Rádio Acreano”. O radialista Natal Barbosa de Brito foi escolhido entre os jurados como o mais completo profissional da história do rádio acreano, superando por um voto o cronista esportivo Campos Pereira. Os radialistas Jorge Cardoso e Jota Conde também receberam indicações do júri.

Perfil do vencedor

De acordo com matéria publicada no Blog Alma Acreana, Natal de Brito era funcionário da União, mas nos meados da década de 1950 passou a trabalhar no rádio. A primeira experiência ocorreu no Departamento de Imprensa e Radiodifusão do ex-Território Federal do Acre, que tinha como diretor o jornalista Geraldo Freire Brasil.

Mais tarde, ele foi transferido para a Rádio Difusora Acreana, empresa que fazia parte do mesmo sistema, para exercer o cargo de Locutor. Rapidamente se destacou. Abraçou a nova carreira com dedicação, de corpo e alma, e alcançou o sucesso.

O talento e o esforço o impulsionaram para o cargo de diretor da Difusora Acreana pela primeira vez, em meados de 1958, e nos primeiros anos da gestão do então Governador Jorge Kalume, em 1967, assume o comando da emissora pública pela segunda vez. Neste período ele cria e apresenta o ‘Grande Jornal Falado da Noite’ e, não contente, coloca em prática dois programas de palco no auditório da Difusora Acreana. Um deles destinado a crianças, envolvendo inúmeras brincadeiras. Também na segunda passagem pela emissora estatal ele criou um programa com os valores da terra. O programa ocorria aos domingos à noite no auditório da emissora. A ideia, à época, foi um grande sucesso, revelando e lançando talentos musicais da terra aos ouvintes da ZYD 9.

Qualidades

Entre as qualidades de Natal de Brito estava a bela e inconfundível voz . Foto/Blog Alma Acreana
Entre as qualidades de Natal de Brito estava a bela e inconfundível voz . Foto/Blog Alma Acreana

Entre as qualidades de Natal de Brito estava a bela e inconfundível voz (um timbre grave, um vozeirão). A história conta que, além de carismático, ele era imbatível como locutor de transmissões oficiais. “O Natal de Brito era carismático, ele conseguia transformar o ambiente de trabalho de todos na continuação do lar familiar, através da amizade, à união da equipe”, comenta Gilberto Saavedra.

Além dessas qualidades, Natal de Brito foi responsável pela ‘formação’ de dezenas de discípulos. O profissional com sua experiência de anos, associado a um excelente perfil do profissional do rádio, não media esforços para ajudar todos os que estavam interessados em seguir na função de locutor, explica Saavedra.

Ainda sob o seu comando e nas gestões de Eurico Filho, José Lopes e Campos Pereira, ainda muito jovens, ingressam no quadro de locutores da Difusora Acreana.

Os candidatos

Índio do Brasil, Garibaldi Brasil, Alfredo Mubárac, Sergio Brasil, Natal de Brito, Maria Júlia Soares, Diomedes Andrade, Mota de Oliveira, Cícero Moreira, Orsetti Gomes do Vale, Vilma Nolasco, Anselmo Sobrinho, Campos Pereira, Jose Lopes, Estevão Bimbi, J. Conde, João Lopes, Etevaldo Gouveia, José Xavante, Paulo Farias, Marte Rocha etc.


FRASES

“Natal de Brito foi um dos maiores radialistas que o rádio do Estado do Acre já teve. Um profissional de mão cheia. Competente em todos os sentidos da mídia sonora”

Gilberto Saavadra, falando sobre o radialista Natal de Brito.

“Na minha avaliação, o Natal de Brito foi o que mais se destacou como comunicador. O mesmo foi locutor oficial do governo, noticiarista e idealizador de programas musicais de auditório”

Zezinho Melo
, justificando o voto para Natal de Brito.


Concurso é um resgate a memória dos radialistas

Campos Pereira, ainda muito jovem, ingressava no quadro de locutores da Difusora Acreana. Foto/Acervo Manoel Façanha
Campos Pereira, ainda muito jovem, ingressava no quadro de locutores da Difusora Acreana. Foto/Acervo Manoel Façanha

A iniciativa do concurso, de acordo com o Gilberto Saavedra, idealizador do evento, não era somente escolher o melhor radialista acreano de todos os tempos, mas também resgatar um pouco da história do rádio acreano que, segundo ele, ficou para trás e esquecida. “Os nomes dos grandes vultos dos microfones do rádio acreano, hoje, são desconhecidos da nova geração e, pensando mudar essa realidade, eu e um grupo de amigos aceitamos o desafio de fazer esse concurso”, explica Saavebra, radialista acreano que fez história na comunicação local, mas que hoje reside no Rio de Janeiro.

Como foi a escolha

A votação para a escolha do melhor radialista acreano foi realizada através de um Júri formado por profissionais radialistas e jornalistas da mídia acreana. Um total de 13 nomes foi escolhido, mas pouco mais da metade toparam o desafio (Zezinho Melo, José Valentim. Nilda Dantas, Manoel Façanha, Raimundo Nonato ‘Pepino’, Mauro Modesto e Nonato Costa).

Natal de Brito foi o que mais se destacou como comunicador, diz o radialista Zezinho Melo. Foto/Acervo Manoel Façanha
Natal de Brito foi o que mais se destacou como comunicador, diz o radialista Zezinho Melo. Foto/Acervo Manoel Façanha

O Blog Alma Acreana divulgará em vários meios de comunicação o vencedor do concurso. Na manhã desta segunda-feira (19), na Rádio Difusora Acreana, o Programa da Nilda Dantas vai falar a respeito da trajetória do vencedor e também da história do rádio acreano.

Um pouco da história do rádio acreano

Conforme trabalho acadêmico publicado no curso de Jornalismo da Universidade Federal do Acre pelo radialista Deise Leite, a chegada do rádio no território acreano surgiu no penúltimo ano da Segunda Grande Guerra Mundial. A primeira emissora foi a ZYD-9 (Rádio Difusora Acreana). A inauguração ocorreu no dia 25 de agosto de 1944, com a emissora sendo intitulada “A Voz das Selvas”. A emissora foi instalada no governo Silvestre Coelho. Em Junho de 1944, Wilson Aguiar, diretor do Departamento Territorial de Imprensa e Propaganda, telegrafou do Rio de Janeiro anunciando que em julho seria feito o transporte para o Acre, por via aérea, da estação Rádio Difusora, que pesava 400 quilos. A primeira sede funcionou no Instituto Getúlio Vargas (atualmente o Colégio Acreano). Em 07 de agosto desse mesmo ano foi feita a primeira transmissão, em caráter experimental, da Rádio Difusora Acreana. Na ocasião, o governador Silvestre Coelho fez um pronunciamento aos ouvintes.

“Era de Ouro do Rádio”

Na avaliação do radialista Gilberto Saavedra foi uma época maravilhosa quando o rádio ainda era o principal meio de comunicação em todo o país. Seus grandes momentos de glória se estenderam até aos anos 1950, com a “Era de Ouro do Rádio” quando então surgiu a Televisão no Brasil.

No Acre o apogeu se estendeu até os primeiros anos da década de 1970 a 1974, quando, então, se instalou uma filial da Rede Amazônica (TV Acre) em Rio Branco.

Saudosista, Saavedra diz que foram singelas homenagens aos radialistas que, alavancaram o progresso pujante do sem fio acreano, em especial, na Rádio Difusora Acreana, com muita luta, competência e união.