Bom de bola, bom de copo

Me lembrei por esses dias de umas historinhas protagonizadas pelo ex-volante Merica, registrado Carlos Roberto de Oliveira, carioca bom de bola que emprestou seu futebol a várias equipes acreanas (Rio Branco, Independência, Atlético, Juventus e Vasco), nas décadas de 1980 e 1990.

O Merica foi um desses inúmeros ciganos que a bola levou para bem longe do seu local de nascimento, depois de fazê-lo gastar a sua arte nos mais diferentes pontos do país. No caso dele, foram quatro os estados por onde passou: Rio de Janeiro, Acre, Rondônia, Amazonas e Rio Grande do Sul.

No Rio de Janeiro, seu estado de origem, ele só jogou por dois clubes: o Volta Redonda e o Vasco da Gama. Nesse último, porém, ele ficou pouquíssimo tempo. Como, de acordo com ele, “a concorrência era feroz”, veio em boa hora o convite para jogar pelo Ferroviário de Porto Velho.

Na capital rondoniense, onde além do Ferroviário Merica também jogou no Ipiranga, ele permaneceu dois anos (1982 e 1983). Daí, ao disputar o Copão da Amazônia, ele foi convidado pelo presidente do Rio Branco, Wilson Barbosa, a se mudar para o Acre e vestir a camisa do Estrelão.

Merica só voltaria a jogar em Rondônia já veterano, em 1997, quando disputou o campeonato estadual pelo Ariquemes. Mas, entre o Rio Branco e o Ariquemes, ele disputou temporadas com as camisas do amazonense Rio Negro e do gaúcho Aimoré, respectivamente no 1º e no 2º semestres de 1993.

Toda essa saga, porém, é mais ou menos de domínio público. Afinal, a cada domingo, centenas de pessoas tinham a graça de ver o volante em ação. O que poucos sabem é que o Merica era chegado a uma cervejinha estupidamente gelada nas horas vagas. Porque, claro, ninguém é de ferro!

Tão chegado a uma cervejinha que o próprio presidente do Rio Branco o convidava para tomar as tais geladas. Palavras dele: “A casa do seu Wilson era na frente do estádio, onde eu morava. Então, como ele sabia que eu ia dar uma escapada mais tarde, já me chamava para ficar por ali mesmo.”

Mas teve uma vez, segundo o Merica, que ele saiu para a farra e só voltou alta madrugada. Nesse dia, ia ter treino físico às 5 da manhã. O elenco ia correr numa estrada, sob o comando do professor Maurício Generoso. Quando Maurício o chamou ele mudou de voz e disse: “O Merica já foi”.

Merica é uma dessas figuras emblemáticas do futebol acreano. Apesar de sempre tomar umas e outras, ele jogou em alto nível durante 20 anos (de 1979 a 1998). Nos dias de hoje o sonho dele é ser eleito para algum parlamento. Já perdeu algumas vezes. Mas diz que vai continuar tentando!