O Brasil perdeu a capacidade de entender a importância decisiva de um jogo de futebol. Talvez por arrogância de seus jogadores e técnicos. Enquanto isso, vamos diminuindo a nossa supremacia no esporte. O exemplo da derrota contra a Bélgica na Copa da Rússia – e a conseqüente eliminação nas quartas de final – é cristalino com relação a esse problema.
Vários jogadores estavam visivelmente se arrastando. Ora, Copa do Mundo é entrega e a mais alta competitividade. É preciso persistir e buscar o acerto de forma incessante. Que diacho que ao invés de lutar, partir para explosão, superar o adversário, tem-se uma sucessão de desleixo com a bola e falta de empenho – e erros.
Desde quando dois jogadores do mesmo time sobem sozinhos num cruzamento para tirar uma bola da área. Pior, frente a um time de grandalhões – quando se sabe que o certo é marcar o atleta e não deixar jogá-lo por conta de sua estatura. Deu no que deu: um deles – no caso o Fernandinho – colocou a bola contra o seu próprio patrimônio.
Isso é irritante e já vem desde 2006. Os técnicos já não têm mais controle de seus jogadores dentro e fora de campo. Faz-se o que quer e se tenta acertar na hora achando que o talento supera o exercício da vontade e do espírito de vencer e chegar lá.
Quando se esperava isso de Tite, não aconteceu. O maior exemplo é Neymar, que jogou de seu jeito (quem realmente concorda que o atleta atuou no esquema conhecido do técnico?) – além de mostrar não ser decisivo em momento realmente decisivo, como esse jogo contra a Bélgica.
A história tola plantada desde o começo que Gabriel Jesus não marcava gol, mas exercia papel importante no trabalho de Tite, é exemplo clássico da incapacidade de buscar a máxima competitividade – leia-se marcar gols, trazer resultados, mostrar força decisiva. A explicação de Jesus estar ali foi injustificável – ou foi opção de Neymar na qual Tite aderiu quebrando uma série de premissas de ter a seleção brasileira na mão sob seu absoluto controle (o que nunca ocorreu).
A Bélgica já tinha time formado desde 2014, com grande talento – para quem não se lembra, era uma equipe que poderia lutar pelo título do Mundial realizado no Brasil. Não se ouviu de ninguém esse alerta. A ideia sempre foi falar de nós. Não importa os outros. Quem é competitivo é o Brasil, os outros é que vão atrás. Porém, o time caiu no primeiro teste de fato no Mundial.
A eficiência anda cada vez mais longe do futebol brasileiro. Enquanto isso, os outros a incorporam para nos vencer. Essa é a realidade.