Um dia desses eu publiquei numa rede social a fotografia da linha atacante do Atlético Clube Juventus, atualmente licenciado dos gramados, em 1970. Na época os times jogavam no esquema 4-2-4. E assim, o ataque da fotografia era formado pelos jogadores Nilson, Nemetala, Nego e Elísio.
Os torcedores mais antigos, que gastavam as suas tardes de domingo nas arquibancadas do vetusto estádio José de Melo, atualmente sem uso para partidas oficiais, sabem o quanto esse ataque juventino era letal para os adversários. Verdadeiro pesadelo para os torcedores das demais equipes.
O Nilson era um ponteiro-direito miudinho, driblador e veloz como poucos. Características semelhantes às do ponta-de-lança (posição que não existe mais nos manuais do futebol) Nemetala, assim como às do ponteiro-esquerdo Elísio. Já o Nego era rompedor, com um canhão no pé esquerdo.
Mas o que eu quero destacar nessa crônica de hoje não é o primeiro plano da fotografia, e sim o que está na parte do fundo. No caso, dois jogadores que batiam bola. Um deles, sem identidade definida, embora eu ache que se trata do atacante reserva Eloizinho. E o outro, o goleiro Pope.
O Pope era um catarinense grandalhão que migrou para o Acre para trabalhar numa serraria (ou seria marcenaria?) que ficava atrás do Colégio dos Padres, na esquina das avenidas Marechal Deodoro e Epaminondas Jácome, por ali pelas imediações do atual point Novo Mercado Velho.
O Pope pegava pra caramba. Como ele era muito grande, a impressão que a gente tinha era a de que a bola sempre era chutada onde ele estava. Um senso de colocação fora do comum. E o mais curioso era que a bola parecia grudar nas mãos dele, seja lá quanto fosse a violência com que era chutada.
Aquela capacidade do Pope de amortecer a bola intrigava todo mundo que ia vê-lo em ação. Como é que aquilo era possível? Os caras largavam o pé na bola e ela parava dócil nas mãos do goleirão. Muitas teses foram criadas para explicar aquele, como se dizia na época, “magnetismo” do Pope.
Até que certo dia o mistério foi desvendado, por um espião de um time adversário (dois personagens são citados como o tal espião: Chico Tarzan, ligado ao Rio Branco, e Nego Jaú, massagista do Atlético). A bola “grudava” no Pope porque ele, antes de cada jogo ou treino, passava breu nas mãos.
Uma técnica que passou a ser adotada por outros goleiros, entre os quais o meu prezado amigo João Petrolitano, atualmente dirigente de Voleibol, cujo modo de amortecer a bola, antes de usar o breu, era cuspir nas mãos. É isso. No tempo em que não existiam luvas, era cuspe ou breu!