Brilho perdido

Francisco Dandão

O meu afilhado Manoel Façanha, jornalista, historiador e escritor (não exatamente nessa ordem), tem produzido títulos da mais fina inspiração para as suas matérias sobre a rotina do futebol acreano. E eu, de olho na cena, sou sempre compelido a dizer mais alguma coisa a respeito.

Umas semanas atrás (tempo pra frente, como os entendidos dizem, só nas ficções hollywoodianas), o meu citado afilhado foi perfeito ao sintetizar a vitória do Santos sobre o Galvez  por 3 a 0, pela Copa do Brasil, ao grafar  no seu título de que o time paulista havia “passeado” na Arena da Floresta.

Para aquela situação, não me ocorreria título melhor ou, então, mais expressivo. Recheado de reservas, o time da Vila Belmiro viajou para o Acre e fez uma exibição em ritmo de treino. E de treino recreativo. Fez 3 a 0 e poderia ter feito muitos gols mais. Foi mesmo um passeio à Amazônia!

Agora, nessa segunda-feira imediatamente anterior à publicação desta crônica, o afilhado Manoel Façanha teve outra boa sacada ao construir o título “Sem brilho, Rio Branco perde novamente”, para descrever as desventuras do Estrelão na série D do “brasileirão” de 2016.

O Rio Branco fez dois jogos e levou duas porradas. Cem por cento de retrospecto negativo. O primeiro desses jogos ainda pode usar a desculpa da viagem desgastante, da desvantagem de atuar na casa do adversário etc. e tal. Mas no segundo jogo, em casa, tudo isso se esvaiu.

Pra falar a verdade, desde o começo da temporada que o Rio Branco não se acerta. Foi desclassificado da Copa do Brasil pelo Galvez, num confronto caseiro; viu escorregar por entre os dedos o título do Estadual para o Atlético, depois de vencer o turno; e agora não sabe a cor da bola.

O Rio Branco está simplesmente na lanterninha de um grupo onde nenhum dos seus adversários inspirava maiores cuidados antes do início da competição, justamente pelo fato de que jamais venceram nada, digamos, assim tão expressivo. Parecia até uma chave relativamente fácil. Parecia!

Os adversários não inspiravam maiores cuidados só teoricamente, porque na prática o Rio Branco demonstrou até aqui ser o pior de todos. Dois jogos, duas derrotas, um gol marcado e cinco gols tomados. Tão ruim que já existe torcedor querendo que o campeonato acabe bem rapidinho.

Para finalizar, preciso voltar para ao título do Manoel Façanha, objeto do início deste texto. Vocês lembram que o título dizia que o Rio Branco não teve brilho? O Rio Branco é estrela, Estrelão. Péssimo sinal esse de uma estrela sem brilho. Até estrelas cadentes refletem alguma luz!