A Associação Cafezar conta hoje com 109 associados. Foto/Cedida

Cafezar faz bodas de prata

MANOEL FAÇANHA

Um dos clubes de peladas mais expressivos do futebol acreano completou na última quinta-feira (9) 25 anos de fundação. Trata-se da Associação Recreativa e Cultural Cafezar, espaço recreativo que o associado Erivan Araújo costuma definir com uma frase em inglês: The best place on saturdays, que traduzindo significa: “Melhor lugar aos sábados”.

Fundada dia 9 de julho de 1995, na sede da Indústria Café Zaire, sob a presidência do sócio-fundador Antônio Carlos Montezuma Brito, nascia naquele dia não somente uma agremiação recreativa, mas um clube associativo recheado de bons boleiros que durante décadas desfilaram suas habilidades no gramado do lendário estádio José de Melo. Na lista, ex-jogadores como Dadão, Antônio Maria, Mauro, Mustafa, Viana, Valmir, Océlio, Edson Izidório, Piaba, Pingo Zaire, Zé Gilberto, Maurício Generoso, Otávio, Carlinhos Bonamigo, Tonho, Erivan, Zé Maria, Cleber, Lobão, Marcos, Mário, Moisés, Renísio, entre outros. Consta que a ata de fundação do clube era composta por 43 nomes e teria sido lavrada pelo ilustre sócio Gildemir da Silva Araújo, um torcedor apaixonado pelo Fluminense.

O primeiro presidente e a origem no nome

A primeira diretoria para conduzir os destinos da entidade (Cafezar) foi composta pelos seguintes nomes e cargos: Mustafa Ribeiro de Almeida Filho (presidente), Antônio Carlos Montezuma Brito (vice-presidente), Erivan Araújo dos Santos (secretário), Gildemir da Silva Araújo (2º secretario), Oton da Fonseca Viana Júnior (Tesoureiro) e José Maria Esteves Bezerra (2º tesoureiro).

Passados 25 anos da fundação da Associação Cafezar, o ex-jogador Mustafa Almeida, o primeiro presidente da entidade, fez um depoimento a respeito da data histórica. Veja a seguir:

“Lembro-me que foi assim, nas tardes de sábado, nas antigas instalações da fabrica do Café Zaire, que amigos infinitos se encontravam para interações que tinham no futebol a principal atividade. Eram jovens com seus sonhos, suas ambições e, sobretudo, imbuídos de boas ideias. Bom lembrar que essas reuniões eram fruto do apreço que os irmãos Pingo e João Zaire, proprietários da marca familiar Café Zaire, tinham pelo esporte bretão. Além de ceder o campo de futebol, localizado ao lado da fábrica, participavam de forma efetiva de todos os eventos. E, a eles, todos os nossos sinceros agradecimentos”.

Placa inaugural do Complexo Esportivo Cafezar, datada do dia 14/06/1997. Foto/Cedida.

 

Mustafa comentou ainda que no transcorrer desses encontros surgiu a ideia de aquisição de um espaço próprio para que fosse instalada uma associação voltada a agregar valores desportivos e sociais, tendo como escopo maior a pratica do futebol. “Aquela ideia surgida nas peladas vespertinas deixaria de ser um sonho para se tornar realidade inesquecível. No semblante daqueles denodados jovens via-se a estampar o orgulho da vitória, do esforço comum concretizado”, relembrou o ex-dirigente.

Por fim, o ex-presidente Mustafa Almeida lembrou que, à época, a entidade já tinha uma estrutura física, mas era necessário dar uma denominação aquele espaço espetacular. “Não bastaria um simples nome. Era necessário que houvesse perfeita harmonia com o passado, a simbolizar a gratidão e o respeito. Assim, depois de tantas discussões, chegou-se a conclusão que a associação deveria ser chamada de CAFEZAR, em alusão ao antigo Café Zaire, que tinha em seus comerciais a expressão VAMOS CAFEZAR, algo que se notabilizou por todo o Estado”, finalizou Mustafa.

Mustafa Almeida (primeiro presidente), Pingo Zaire, Maurício Generoso, Mauro, Ray e Antônio Maria durante atividade no Cafezar. Foto/Cedida

 

História da compra do terreno e a construção do campo

No ano de 1993, um grupo de peladeiros do campo de peladas da Fábrica do Café Zaire, localizada no Distrito Industrial, recebeu a notícia da boca de José Afonso Bastos Zaire (Pingo), que o espaço físico dedicado ao campo não estaria mais à disposição dos praticantes. A notícia caiu como uma bomba entre os peladeiros, estes passando a buscar uma perspectiva de encontrar uma área de terra em que pudessem continuar com aquela prática de, aos sábados, jogarem uma saudável, salutar e memorável “pelada”, explica Erivan Araújo, diretor tesoureiro da Associação Cafezar

A ideia de reorganizar a pelada era vista por todos como uma grande solução para solucionar o problema e, aos poucos, chegaram à conclusão que o ideal seria mesmo a criação de uma associação, inclusive com espaço físico amplo para a prática futebolística.

Os associados Erivan Araújo, Madureira, Maurício Generoso, Otton Viana, Moisés e Carlinhos Bonamigo durante início da construção da sede social. Foto/Cedida

 

Na época do início da construção da entidade, Erivan Araújo lembra que Tim, João Braga e Tonho saíram pela cidade em busca de oportunidades para adquirir uma área de terra. Erivan diz que nesta busca incessante por um espaço físico passou a acompanhar João Braga pelas “estradas do Quinari e Porto Acre”. De modo que ao fim, a Imobiliária Ipê, depois de uma longa negociação com o proprietário José Eduardo, vendeu, por 7.500,00(sete mil e quinhentos reais), uma área de terra medindo 15.000 m2, onde hoje funciona o complexo esportivo. Erivan Araújo diz que é oportuno evidenciar que o valor da terra foi dividido em três parcelas de R$ 70,00 por cada sócio fundador.

De acordo com Erivan Araújo, o ato do traslado da escritura pública ocorreria somente no dia 25 de março de 1999. Naquela oportunidade a entidade foi representada pelo sócio Auton Peres de Farias Filho, com aquisição parcelada em cotas mensais.

No início da aquisição do espaço físico, as peladas eram realizadas no famoso campo de “terrão” (areia e barro). Foto/Cedida

 

Com a posse do terreno, em 1995 os peladeiros do Cafezar iniciaram uma nova “batalha”: a construção do campo de futebol. Inicialmente, segundo Erivan Araújo, as peladas eram realizadas no famoso campo de “terrão” (areia e barro). “Aos poucos, mas persistindo na concretização do sonho, começamos a realizar eventos para arrecadar os recursos exigíveis para realizar as obras iniciais e chegar à infraestrutura que temos hoje”, lembra o tesoureiro.

Operários trabalham na ampliação das obras da Associação Cafezar para proporcionar conforto aos associados. Foto/Cedida
Pelada Cafezar – 1986. Em pé, da esquerda para a direita. Tião Nemetala, Mustafa, Marquinhos, Carlinhos, Marcos, Mauro, Júnior Maciel e Lauro Fontes. Agachados: Petecão, Cleber, Luís Ney, Jorgean, Tim, Pissica e Henry Zaire. Foto/Francisco Dandão.
Nos primeiros anos de fundação do Cafezar, os peladeiros Otton Viana, Tim e João Braga preparados para mais uma “peleja” no campo da associação. Foto/Cedida.

 

A essência do Cafezar é a família, diz Ronan Zanfolin

O presidente Ronan Zanfolin explica que o clube conta hoje com 109 associados. Foto/Cedida

Na presidência da Associação Cafezar para o biênio 2020/2021, o empresário Ronan Zanfolin explica que a associação se caracteriza pelo aspecto familiar da boa convivência, algo que o deixa muito orgulhoso neste inicio de condução da sua gestão.

Ronan explica que o clube conta hoje com 109 associados (sócio fundadores, proprietários, contribuintes e sócios sociais), mas deixa claro que o número é excelente para se ter o controle do espaço e também da boa prestação de atendimento.

Zanfolin fala com orgulho de poder estar contribuindo para a história administrativa da Associação Cafezar. Segundo ele, o clube é um dos mais conceituados da cidade e conta com três grandes eventos anualmente: Carnaval, Rock Cafezar e Baile do Havaí. Ele também chama atenção para a ampliação e manutenção do espaço físico da associação, assim como para a tradicional pelada ocorrida aos sábados (exceto neste período de pandemia da covid-19), algo importantíssimo para manter os sócios ativos e unidos.