Neste fim de semana, a seleção brasileira de futebol deixou essa antiga terra dos Tupinambás e embarcou para Londres. Os jogadores brazucas, embora isso não seja divulgado, precisam passar na capital inglesa porque não podem chegar à Rússia sem antes pedir as bênçãos à rainha-mãe.
Pelo raciocínio da cúpula da CBF, sem as atenções da rainha-mãe diminuem muito as chances do Brasil voltar das estepes geladas russas com o hexa na bagagem. Afinal, além dos ingleses terem inventado o futebol, é fato que eles tem o coração dividido entre a sua própria seleção e a nossa.
Prova disso são alguns escritos do próprio William Shakespeare, nos últimos anos do século XVI. Recentemente se descobriu que uma das suas peças jamais encenadas tratava justamente, num inusitado exercício de futurologia, de um time de sambistas que um dia encantaria o planeta.
E até os Beatles, lá pelas tantas, trataram de incluir no seu repertório canções de louvor à seleção brasileira. Yellow Submarine seria uma dessas canções. O “yellow” seria uma alusão à cor da camisa do Brasil. E o “submarine” seria uma metáfora para os torpedos contra as redes inimigas.
Fora tudo isso, como a conquista de uma Copa não tem preço nem se pode abdicar de todos os artifícios possíveis durante a empreitada, não custa nada tentar um reforço de bastidores. Com alguma sorte, talvez até se possa convencer o mago Merlin a se integrar à comissão técnica brasileira.
O mago Merlin, como se sabe, foi o mais importante conselheiro do rei Arthur nas escaramuças por entre as “brumas de Avalon”. Sem o Merlin, provavelmente a “távola” lá dos bebedores de cerveja quente jamais seria tão redonda. Merlin pode ser muito útil quando o Tite não souber o que fazer.
O que mais chama a atenção (pelo menos a minha), porém, neste momento em que a seleção embarca para mais uma aventura internacional, não é essa parada estratégica na Inglaterra, mas sim o quase nenhum entusiasmo da galera e a baixa cobertura da mídia em torno da empreitada.
Nas ruas até agora não se vê praticamente ninguém vestindo o que antigamente se chamava manto sagrado: a camisa amarela com o escudo da CBF, preferencialmente com o número 10 às costas. E no noticiário, fora dos canais dedicados aos esportes, só se vê pequenas e evasivas matérias.
Eu diria que o assunto seleção brasileira por esses dias está perdendo de goleada para a greve dos caminhoneiros. Essa sim, campeã de audiência. A vitória da seleção brasileira é a poesia que pode embalar os nossos sonhos. A greve dos caminhoneiros é a prosa que escancara o real da nossa vida!