Eu nunca tive a real dimensão do valor do dinheiro. Muito menos da ciranda que movimenta as bolsas de valores e os fluxos de capital pelos escaninhos do planeta. Até tentei, na juventude, me informar sobre o assunto, fazendo um curso universitário de Economia. Não concluí o curso e, dessa forma, permaneci ignorante.
Talvez por conta dessa minha incapacidade para compreender a mágica dos números que estabelecem a fortuna financeira de uns poucos, em oposição à miséria da plebe rude, ignara e socialmente deletéria (ao dicionário, galera, façam-me o favor), de vez em quando me flagro em catatônica perplexidade ao ficar sabendo das quantias estratosféricas movimentadas pelas criaturas detentoras do poder do capital.
Esses números relativos à “Operação lava jato”, divulgados pela imprensa, por exemplo, pra mim são quase incompreensíveis. São tantos milhões, numa variedade tão grande de moedas, que eu sequer tenho noção do que tal dinheirama, fruto das relações espúrias de diversos operadores (políticos e tecnocratas), pode comprar. A cada nova delação, mais eu me sinto um “patureba” idiotizado solto no vasto mundo.
Mas as historinhas, bem como as respectivas figurinhas carimbadas (e “grampeadas”, viu?), da “Operação lava jato”, todo mundo já conhece muito bem. É tamanha a cobertura da mídia sobre essa vagabundagem de “colarinho branco” que é impossível alguém desconhecer o fato. Todo dia a TV mostra as carinhas dos anjos! Só gente boa. Uma parte deles (aqueles que não delatam) de bico fechado e lacrado!
Então, como o roteiro da “Operação lava jato” já está bastante conhecido, o que eu quero destacar nessa crônica de hoje é outra atividade que mexe igualmente com uma fábula de dinheiro. Justamente o futebol, meu caro leitor. Os mercadores da bola formam uma outra classe de gente que se diverte com valores, digamos, irreais.
Vejam só vocês que um dia desses atrás (tempo para a frente, por enquanto, só na ficção hollywoodiana, né não?) uns ingleses endinheirados ofereceram nada menos do que 190 milhões de euros pelo passe do brasileiro Neymar. Em dinheiro verde e amarelo isso significa 779 milhões de reais. Muitas megassenas acumuladas!
A cifra, caso fosse aceita, faria de Neymar o jogador mais caro da história, cuja transação mais vultuosa já registrada foi a que perpetrou a compra do atacante Gareth Bale, que custou 100 milhões de euros ao Real Madrid. O Barcelona, ao que consta, nem balançou a “passarinha”. Recusou. Ou seja, ao preferir ficar com o craque, em vez do dinheiro, os espanhóis passaram o recado de que tem muito mais do que isso.
É muita grana, mesmo, leitor amigo. Tanto que aquela ideia do peso que vale ouro nem sentido tem mais. Neymar, que a propósito nem é tão pesado assim, vale literalmente bem mais do que o seu próprio peso. Enquanto isso, Marx deve estar em algum lugar do paraíso repensando a sua teoria dos sólidos que se desmancham no ar!