Casquinha, aos 55 anos, exibindo a sua faixa de multicampeão pelo Juventus. Foto/Francisco Dandão.

Casquinha

Francisco Dandão

Pelo nome próprio, Celso Ronaldo de Paiva Moura, provavelmente apenas uns poucos amigos o conhecem. Se, no entanto, alguém falar no Casquinha, todos os que acompanharam o futebol de salão e o futsal acreanos de 1979 até 2008 sabem que se trata de um dos maiores craques das referidas modalidades que desfilaram a sua arte nas quadras e nos ginásios regionais.

Corinthians – 1973. Em pé, da esquerda para a direita: Zé Cláudio, Zé Antônio, Bacaninha e Jorge Piaba. Agachados: Zé Francisco, Bé, Nande e Casquinha. Foto/Acervo Celso Ronaldo.

Rápido e extremamente habilidoso, Casquinha ganhou quase tudo o que disputou. Só títulos estaduais foram 15, com as camisas de oito times diferentes: Juventus (1980, 1981 e 1982), Rio Branco (1983), Independência (1984), Banacre (1986, 1988 e 1989), Gráfica Estrela (1990 e 1991), AABB (1996 e 1997), Pingo de Ouro (2000 e 2001) e Bem-te-vi (2007).

.Seleção de Juniores – 1982. Em pé, da esquerda para a direita: Mauricinho, Kiko, Gerson, Delcir, Klowsbey e Fran. Agachados: Vidal, Paulo Henrique, Antônio Júlio, Casquinha e Caçula. Foto/Acervo Celso Ronaldo.

O começo da sua saga, ele lembra muito bem. “O meu primeiro time, ainda como infantil, foi o Corinthians do Bairro José Augusto. Isso em 1973.Eu tinha oito anos. A gente jogava na quadra do bairro mesmo. As camisas eram do Jorge Carlos Piaba, hoje um advogado famoso. O time era o Zé Antônio, no gol, eu, o meu irmão Bé, o Piaba e o Nande”, disse Casquinha.

No primeiro semestre de 1979, ainda um garoto imberbe de 14 anos (ele nasceu no dia 9 de outubro de 1964), Casquinha foi convidado para disputar o campeonato estadual de futebol de salão pela Assincra. De cara, ele já se sagrou vice-campeão estadual. O time titular, treinado pelo técnico Arnaldo, era escalado com: Marinho; Nelsinho e Nande, Casquinha e Dô.

Empregos e dinheiro por conta do futebol de salão

Juventus – 1982. Em pé, da esquerda para a direita: Auzemir, Viana, Mundoca, Lauro Fontes e Tião Nemetala. Agachados: Adrian, Emerson, Jorge Tijolo, Casquinha e Fugiwara. Foto/Acervo Francisco Dandão.

Em 1980, a Assincra ficou pequena para o talento do jovem craque. E aí ele foi gastar a sua bola no Juventus. Para trocar a Assincra pelo Juventus, Casquinha ganhou dois empregos (anteriormente ele trabalhava como office boy no Incra): um na Secretaria de Indústria e Comércio (na parte da manhã) e o outro na Secretaria de Justiça e Segurança Pública (durante a tarde).

Ele ficou três anos no Juventus, alternando exibições nas quadras e nos gramados, nos juniores do Clube da Águia, além de defender a seleção desta categoria no Brasileiro de 1982. Pela seleção, Casquinha jogou quatro vezes. Duas com o Rio de Janeiro e duas com o Paraná. O time ganhou do Rio e empatou com o Paraná em casa. Fora de casa a seleção perdeu as duas.

Independência – 1984. Em pé, da esquerda para a direita: Valdir Silva (diretor), Adrian, Marinho, Marcos, Pedrinho e Auzemir. Agachados: Zé Ambrósio (massagista), Klinger, Zequinha, Elias e Casquinha. Foto/Acervo Celso Ronaldo.

Em 1983, Casquinha trocou o Juventus pelo Rio Branco. Ganhou um bom dinheiro para isso. “O empresário Wilson Barbosa havia assumido a presidência do Estrelão com a promessa de ganhar tudo o que disputasse. Aí ele levou todos os melhores jogadores, de várias modalidades, para defender o clube. A grana que me ofereceram era muito boa”, afirmou Casquinha.

No ano seguinte, 1984, Casquinha disputou o campeonato estadual de futebol de salão pelo Independência. Aí sobreveio mais uma experiência nos gramados. Ao mesmo tempo em que o craque defendeu nas quadras o Real (1985) e o Banacre (1986), jogou também no campo pelo Atlético Acreano. Foi a última experiência do canhoto craque Casquinha com a bola grande.

Seleções e ciranda de clubes

A partir de 1986, e até 2008, Casquinha viveu uma ciranda de camisas de times de futebol de salão e futsal, tanto em campeonatos estaduais quanto em torneios abertos. Codiclube (time do sindicato da Codisacre), Banacre (outra vez), Gráfica Estrela, Atlético Acreano, Bem-te-vi, Pingo de Ouro e Mônaco. “E eu peguei todas as seleções estaduais de 1981 a 1987”, garantiu.

Banacre – 1986. Em pé, da esquerda para a direita: Auzemir, Cirênio e Nelsinho. Agachados: Edson Paiva e Casquinha. Foto/Acervo Celso Ronaldo.

“Com a seleção acreana joguei em muitos estados, junto com gente de ótimo nível do futebol de salão e do futsal aqui do Acre. Joguei em São Paulo, no Amazonas, no Ceará, no Pará, em Brasília… Vivi intensamente o esporte de quadra do Acre. E ganhei dinheiro também. Mas no último time, o Mônaco, em 2008, ganhei só um par de tênis”, afirmou Casquinha sorrindo.

Atlético Acreano – 1985. Em pé, da esquerda para a direita: Cleiber, Hilton, Tinda, Cídio, Xepa e Ricardo. Agachados: Amarildo, Casquinha, Joãozinho, Álvaro Miguéis e Julinho. Foto/Acervo Júlio Figueiredo.

Sobre o momento do futsal acreano, Casquinha disse que os atuais dirigentes tem feito muito pouco. “Não tenho conhecimento, por exemplo, de trabalhos voltados para as divisões de base. Isso acarreta no não surgimento de novos valores. E falta também maior participação de representações acreanas em torneios nacionais. Tá feia a coisa”, opinou.

Por último, Casquinha falou sobre a origem do seu apelido. De acordo com ele, foi um vizinho quem primeiro o chamou assim. Pela explicação do ex-craque, tudo aconteceu quando ele subiu num telhado, ainda criança, para pegar uma bola mal chutada. Ele caiu do telhado e arranhou a “casca” de uma ferida. Aí o vizinho aproveitou o momento: tirou uma “Casquinha!”