Pode ser que Palmeiras e Globo cheguem a um acordo nas transmissões do Brasileirão pela TV aberta (e pode acontecer antes da publicação desse texto), mas a indefinição permaneceu por longo tempo, inclusive até a primeira rodada da competição, nos apontando algumas lições.
O caldo não teria engrossado tanto se o Palmeiras não tivesse sido campeão brasileiro ano passado. Mas o título deu corpo às demandas do Verdão junto à Globo, historicamente prejudicado nas transmissões pela televisão aberta de seus jogos seja no Brasileirão ou outro torneio.
Palmeiras e alguns clubes da elite, como se sabe, optaram em fechar com o grupo Turner as transmissões de suas partidas do Brasileiro em canal por assinatura. Depois do acordo, foram negociando com a Globo a transmissão de suas partidas pela TV aberta e pay-per-view.
Outros clubes fecharam tanto nos canais aberto quanto fechado e mais o pay-per-view a transmissão de seus jogos diretamente com a Globo.
Todas essas negociações ocorreram porque os contratos de direitos de transmissão encerraram ano passado e havia necessidade de renová-los a partir dessa temporada.
Já a uns dois, três anos atrás, quando a Turner se movimentava para oferecer mais vantagens aos clubes na renovação, discussões diversas ocorreram com relação às complicações provocadas pelo atendimento da Globo aos times nos campeonatos.
O fato da emissora gastar mais com direitos com o Flamengo e o Corinthians criou-se o debate da “espanholização” do futebol brasileiro, numa referência ao Campeonato Espanhol, onde apenas dois clubes de rivalizam (Barcelona e Real Madri) e controlam praticamente todas as grandes verbas de transmissão e patrocínio relacionadas ao futebol naquele país.
O São Paulo foi curioso. O clube passou a ter tratamento diferenciado com relação a esse tipo de verba depois de ganhar muitos títulos num período muito curto. Falava-se bastante de sua organização, que estaria o favorecendo naquele momento.
No entanto, a aura se perdeu em pouco tempo, mostrando que o clube não tinha conseguido extirpar os velhos vícios do futebol brasileiro, passando cada vez mais nos últimos tempos a ter dificuldade de chegar em primeiro nas competições. Mesmo assim recebeu polpudos direitos de transmissão.
E o Palmeiras deve ter observado atentamente esse movimento. E foi cobrar o custo que achava exato para renovar. Como não aceitaram, foi na concorrente, pelo menos para as transmissões por TV fechada.
Agora, o Verdão pediu os tubos para a Globo pagar o que acha que merece para ter suas partidas no canal aberto – ou exibir o Palmeiras jogar com as equipes que fecharam acordo com a Globo, já que nesse tipo de contrato os dois clubes envolvidos na partida devem ter acordo assinado com a emissora.
Com essa crise econômica e o que a emissora já gastou para renovar com outros times, era de se esperar uma negociação difícil entre ambos.
As lições que ficam é que o monopólio das transmissões se esgotou, há necessidade de a distribuição desse tipo de verba ser mais igualitária e democrática, e que se não bater o pé, nada acontece no futebol brasileiro.