Minas Gerais virou o centro do mundo do futebol brasileiro. Nos dias 12 e 26 deste mês, Atlético Mineiro e Cruzeiro, as duas maiores potências do futebol das chamadas “alterosas”, decidem quem será o dono da Copa do Brasil deste ano. Degrau a degrau, o Galo e a Raposa foram destruindo todos os adversários que cruzaram os seus caminhos, ao longo de vários meses. Chegaram à final por competência e mérito!
Tanto um quanto o outro time, fizeram semifinais de intensa emoção, contra Flamengo e Santos. Eu diria que o Cruzeiro teve mais dificuldade contra os santistas do que o Atlético contra os flamenguistas. Depois de fazer o dever de casa, vencendo por um a zero no Mineirão, o Cruzeiro teve que se contentar com um empate em três a três na Vila Belmiro. Já o Atlético, simplesmente massacrou os cariocas no jogo da volta.
A propósito de massacre, eu tenho a impressão de que até agora o Flamengo não tem a noção exata de qual foi o veículo que o atropelou. Teria sido um trem? Teria sido uma carreta desgovernada? Teria sido um tanque de guerra? Teria sido um trator? Difícil saber. O que eu sei com a mais absoluta certeza é que foi uma daquelas derrotas que jamais será esquecida. O Luxemburgo ficou até gago na entrevista depois do jogo.
Nesse ponto, interrompo a produção do texto e ligo para o parceiro Manoel Façanha, meu editor e torcedor do Fluminense, assim como eu. Transmito ao ilustre jornalista a minha dúvida sobre essa questão do veículo atropelador do Urubu. Ele responde-me que também não sabe, que não tem nem a mais vaga ideia. “O que eu sei, mestre, é que os caras até hoje estão procurando o rumo de casa”, diz-me o Façanha.
Sim, sei, os flamenguistas vão dizer que eu não tenho nenhuma moral pra ficar aqui me comprazendo da situação deles, uma vez que o Fluminense, tricolor mais lindo do planeta, foi desclassificado dessa mesma Copa do Brasil pelo América de Natal. É pura verdade, meus caros. Mas aquela, eu garanto, foi uma surra que doeu menos, levando em conta o estágio da competição. Ali ainda estávamos longe da finalíssima.
Sobre a pancada do Fluminense, aliás, o Manoel Façanha tem até uma explicação cheia de lógica. “Aquilo que aconteceu do nosso tricolor contra o América de Natal foi um apagão, mestre”, ele garante. “Se até a seleção brasileira sofreu um apagão, naquele fatídico dia contra a Alemanha, por que é que o tricolor mais competente do universo não poderia ter?”, indaga-me o editor em forma de sentença.
Mas aí, seguindo esse raciocínio, continuo o diálogo com o Façanha perguntando-lhe se não teria sido também um “apagão” essa lapada que o Flamengo levou. Resposta dele: “Apagão só sofre time que é favorito num determinado confronto, ou então time que disputa uma competição com chances reais de vencê-la. Não é o caso do rubro-negro carioca, mais afeito a zonas de confusão do que a conquista de taças”.
Pois bem. Independente do veículo que tenha atingido ou da perda de rumo do glorioso Flamengo de todos os credos, o que mais interessa nesse momento é o fato de que Minas Gerais se tornou o centro do mundo do futebol tupiniquim. Quietinhos, comendo pelas beiradas, os mineirinhos chegaram lá. Ser mineiro, de acordo com o poeta Drummond de Andrade, é isso: “(…) não dizer o que faz nem o que vai fazer”.
Francisco Dandão