Desde 2007 o Brasil vem passando pela experiência de realizar grandes eventos esportivos. É preciso avaliar a dimensão exata desse fim de ciclo.
Quando o Rio realizou o Pan-Americano, o País viveu o início de uma nova era de acontecimentos de grandes dimensões e impactos no esporte e na sua infraestrutura. O saldo naquele primeiro megaevento foi positivo, apesar das críticas à organização, e o Brasil teve o melhor desempenho de medalhas entre todos os Pans realizados.
No entanto, o estádio do Engenhão, erguido para aquele Rio 2007, ficou depois fechado por um tempo para reparos na estrutura de sua cobertura. Além disso, a Vila de Atletas, construída para aqueles Jogos, enfrenta problemas sérios de construção até hoje.
Veio então os Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, e a Copa do Mundo da África do Sul, em 2010. Países do chamado segundo mundo, foram uma nova experiência de acontecimentos desse porte fora do eixo tradicional. O Brasil teve a oportunidade de vivenciar e aprender nesses ambientes semelhantes ao dele.
Chegou 2014, ano do Mundial de futebol no País. Embora não se trate de um evento poliesportivo, ele tem a dimensão dos Jogos Olímpicos por receber muitos torcedores e envolver diversas arenas – aqui, todas construídas para atender a Copa. Apesar dos atrasos, elas ficaram prontas e o megaevento foi de relativo sucesso.
Hoje, os estádios utilizados naquela época, parte enfrenta ociosidade, mas houve inquestionável melhoria das arenas de futebol no País. Porém, infelizmente, algumas obras de mobilidade urbana prometidas só hoje começam a ser concluídas.
Agora ocorre a Rio 2016, com dificuldades maiores do que na Copa. É que a concentração de pessoas e equipamentos esportivos em um só lugar de forma excepcional exige infraestrutura sem erro – e se sabia que com todo esforço, não seria possível resolver todos os problemas crônicos e antigos da cidade. Com medidas especiais, a mobilidade e outros serviços passaram apertados na prova de eficiência.
No campo esportivo, o resultado deve ser analisado assim como foi feito com a preparação da infraestrutura, apesar dos gastos e de certo descontrole. Vale ressaltar que modalidades sem medalhas não representam necessariamente insucesso – há vários casos no Rio 2016 de esportes que nunca tinham alcançado resultado tão bom em uma Olimpíada. Se o País, no geral, avançou estruturalmente nesse ciclo aos trancos e barrancos, é muito provável que nas práticas esportivos o mesmo possa ter ocorrido.
Esse é o ponto a ser analisado. Não se pode se prender apenas às conquistas de láurea, mesmo que esta Olimpíada tenha tido a melhor atuação do Brasil em Jogos Olímpicos, mas aquém do que o COB previa.
Como nas obras estruturais dos megaeventos, é necessário analisar os esportes que deixaram legado para poder avançar. Não há grandes acontecimentos pela frente para organizar, mas o Brasil por certo entrará no circuito de intercâmbio e realização permanente de competições internacionais de peso em diversas modalidades esportivas.
O caminho para manter a chama olímpica acesa no País passa por aí, tanto para atletas e futuros atletas quanto para o público. É hora de ocupar o protagonismo esportivo mundial. É preciso que federações e governo deem atenção a isso, para não perder essa grande chance.