O técnico Bebeto afunila preparação do Vasco da Gama para a disputa do estadual. Foto/Cedida

‘Cigano da bola’ quer usar a experiência à beira do gramado para ajudar o Vasco da Gama-AC

MANOEL FAÇANHA

Com passagem por 23 clubes, alguns deles no futebol Sul-americano, o ex-jogador sul-matogrossense Ítrio Cardoso Amorim, o Bebeto, 48 anos, apelidado de ‘Cigano da bola’, espera agora brilhar numa outra função. Convidado pelo presidente Renato Machado, do Vasco da Gama, ele será o auxiliar técnico de Toninho Souza na disputa do Campeonato Acreano.

O auxiliar técnico Bebeto e o técnico Toninho Souza durante dia de trabalho na Fazendinha. Foto/Nathacha Albuquerque

Trabalhando há duas semanas na Fazendinha, ele espera transmitir a experiência adquirida durante mais de três décadas de carreira aos jogadores vascaínos. ‘Espero contribuir de forma positiva para o sucesso do Vasco na temporada. Eu e o Toninho estamos fazendo um trabalho pé no chão e a confiança do grupo está correspondendo.

O Vasco-AC estreia no Campeonato Acreano 2017 contra o Alto Acre, no dia 23 de fevereiro, às 20h30 (do Acre), na Arena da Floresta, em Rio Branco.

Início da carreira

O mundo da bola na carreira de Bebeto surgiu ainda bem jovem. Em 1982, aos 14 anos, após ser observado por um olheiro, foi levado para a Vila Belmiro. Lá ficou quase três temporadas, atuando ao lado de atletas como Edinho (filho de Pelé), César Sampaio, Axel, Camilo e entre outros.

Na temporada de 1985, aos 17 anos, o volante Bebeto trocou de ares e disputou o Campeonato Paulista – série intermediária, pela Portuguesa Santista. Um ano depois, chegou ao União Rondonópolis-MT, onde ficou até 1987. Dai em diante foram dezenas de clubes: Grêmio Jaciara-MT (1988). Os clubes Ivinhema-MS (1990/91), Grêmio Esportivo

Com 17 anos, o volante Bebeto, o penúltimo agachado, disputou o Campeonato do Mato Grosso com as cores do União Rondonópolis-MT. Foto: Arquivo Bebeto
Com a camisa do União Rondonópolis (MT), o então jovem volante Bebeto concede entrevista para um repórter local. Foto: Arquivo Bebeto

Vilhenense-RO (1991), Juventude de Lindóia do Sul-SC (1992/93), Grêmio Esportivo Colider-SC (1993), Corinthians de Presidente Venceslau-SP (1994), Club Aquidaban, de Cidade de Pedro Juan Cabalero-Paraguai, onde conquistou o título regional da temporada de 1994. Atlético Ibirama-SC (1995). No entanto, a carreira de Bebeto ganhou força foi tricampeonato estadual de Rondônia pelo Ji-Paraná-RO (1997/98/99). No clube o volante ainda disputou várias edições de copas Norte e Brasil e duas disputas de Série C. Na temporada 2000 trocou o Jipa pelo Genus-RO para disputar a Copa Norte. No mesmo ano, Bebeto defendeu o Pinheiros de Rolim de Moura na disputa da Copa do Brasil contra o Vitória-BA.

Bebeto, o terceiro agachado, conquistou um tricampeonato rondoniense com Ji-Paraná-RO (1997/98/99). Foto: Arquivo Bebeto
Em 2001, Bebeto, o segundo agachado, disputou o Campeonato Brasileiro da Série C pelo Genus-RO. Foto: Arquivo Bebeto
Em 2000, o volante Bebeto, o penúltimo agachado, reforçou o Pinheiro (RO) na disputa da Copa do Brasil contra o Vitória-BA. Foto: Arquivo Bebeto
Na Copa Norte-2001, os capitães Sampaio (RBFC) e Bebeto (Genus) posam para fotografia com o trio de arbitragem. Foto: Arquivo Bebeto
O capitão Bebeto (Genus), o trio de arbitragem (árbitro central é o acreano Marcos Café) e ainda o capitão do São Raimundo-AM minutos antes da bola rolar para a competição. Foto: Arquivo Bebeto.
Na Copa Norte-2001, o volante Bebeto tenta conter o ataque do Clube do Remo (PA). Foto: Arquivo Bebeto

No futebol acreano

Em 2001, Bebeto, Rosier e Mundoca são apresentados como reforços do Independência. Foto/Manoel Façanha
Na temporada 2002, o volante Bebeto, o penúltimo agachado, ajudou o Ypiranga a conquistar o título amapaense. Foto: Arquivo Bebeto

A primeira passagem de Bebeto pelo futebol acreano ocorreu na temporada 2001, quando o então técnico José Ribamar o trouxe para o tricolor acreano. No clube, pouco adaptado, Bebeto não fez uma grande temporada, mas conquistou o coração da atual esposa. No ano seguinte, o volante ‘cigano’ retornou para o Genus-RO, mas ficou pouco tempo, migrando para o Ypiranga-AP. Na “capital do meio do mundo”, Bebeto foi campeão estadual e ainda disputou uma edição de Campeonato Brasileiro da Série C.

Fac-símile de um jornal equatoriano anunciando as contratações do volante Bebeto e também dos acreanos Araújo Jordão e Rogério Tarauacá para o Club Brasília, da Província de Esmeralda. Arquivo/Bebeto

Antes de encerrar a carreira, o volante andarilho ainda passaria pelas equipes do Santos-RO (2004), Andirá-AC (2005), Dutriniti Recreacion Footbaal-Peru (2005), Club Brasília, da Província de Esmeralda no Equador (2006/2007). Na temporada de 2008, aos 38 anos, o ‘Cigano’ resolveu encerrar a carreira na equipe do Genus-RO.

Nova função

Em 2006, Bebeto foi vice-campeão no time Club Atlético Brasilia, de Província Esmeraldas, no Equador. Foto: Arquivo Bebeto

A primeira experiência no comando técnico de uma equipe ocorreu à frente da equipe sub-23 do Club Brasília, do Equador, onde levou o clube ao vice-campeonato provinciano de Esmeralda, em 2006. Três anos depois, trabalhou na comissão técnica do Vasco da Gama-AC, juntamente com Ulisses Torres e Edson Maria. Bebeto ainda tem trabalho realizado na base do Genus-RO e, antes do acerto com o Vasco da Gama para a temporada 2017, tinha negociações em aberto com as equipes do Ariquemes e Guajará, ambas de Rondônia.

Os bons parceiros

Um dos grandes ídolos de Bebeto diz respeito ao ex-volante do Santos, Palmeiras e Seleção Brasileira, César Sampaio, atleta que Bebeto conviveu na base do Santos. “O Sampaio, além de bom jogador, era um cara humilde e amigos de todos”.

Outra referência, segundo, Bebeto é Belmont, jogador que defendeu com ele o Atlético Ibirama-SC. ‘O Belmont era fora de série. “Um cara com espírito de liderança e tranquilidade”.

Bebeto ainda cita o lateral esquerdo Ananias, ex-Rio Branco. Os dois atuaram juntos no Genus-RO. Segundo Bebeto, o ex-lateral alvirrubro foi um dos companheiros de equipe mais educado a qual conviveu na carreira.

Grandes dirigentes

Pai de cinco filhos, Bebeto não esconde de ninguém o carinho dele por dois dirigentes do futebol do Norte. O primeiro deles é o médico oftalmologista Júlio Gazelle, ex-presidente do Pinheiro-RO. O Segundo diz respeito ao Dr. Amorim, ex-diretor financeira e médico do Ypiranga-AP. ‘Na minha avaliação esses dois dirigentes tinha palavra e comprometimento com o clubes que administravam e seus jogadores”.

O lado bom e ruim da bola

Bebeto cita que, apesar de três carteiras profissionais cheias, jamais conseguiu a independência financeira. Foto: Arquivo Bebeto

Na carreira futebolística, Bebeto orgulha do fato de, além de jamais ter usado drogas, ter conhecido boa parte do país e alguns países da América do Sul, além das boas amizades. O ex-atleta explica que nos últimos anos tem buscado aperfeiçoamento na carreira de treinador e espera crescer na nova função ajudada pela convivência de mais de três décadas no futebol.

No aspecto negativo da carreira futebolística, Bebeto cita que, apesar de três carteiras profissionais cheias, jamais conseguiu a independência financeira. ‘Existem grandes disparidades de salários entre o futebol da elite e o periférico. E, somando-se a isso, alguns dirigentes não honram com as promessas de acertos salariais.

Bebeto encerra a entrevista aconselhando aos jovens jogadores que, além da bola, é necessário o atleta buscar uma formação profissional, pois nem sempre, o futebol vinga de forma positiva para garantir a independência financeira.