Atlético-PR, Bahia, Coritiba, Palmeiras e Santos são cinco grandes clubes que fecharam com o Esporte Interativo as transmissões por canal fechado de seus jogos no Campeonato Brasileiro, a partir de 2019. Mas ficou de fora dessas negociações com o grupo norte-americano Turner, dono do Esporte Interativo, os direitos de transmissão no pay-per-view (PPV) e na TV aberta.
Agora, essas cinco equipes querem tratar em conjunto a forma de comercializar os direitos de transmissão nesses dois outros meios. O anúncio da criação do grupo foi feito pelo presidente do Conselho Deliberativo do Atlético-PR, Mario Celso Petraglia, nesta terça (21), em uma reunião do clube. Na ocasião, o dirigente criticou a Globo, que mantém hoje o monopólio das transmissões, por conta da divisão de cotas aos times.
Destaca-se que há outras equipes, como o Internacional e a Ponte Preta, que também fecharam com o Esporte Interativo a transmissão de seus jogos, e a grande dúvida será definir como se assistirá – seja na TV aberta ou no PPV ou na TV fechada – uma partida de futebol no Campeonato Brasileiro de 2019 entre equipes de contratos de imagens distintos, já que outra parcela de clubes de expressão no País fechou pacote com a Globo.
A formação do pool dá força de negociação às equipes da elite insatisfeitas com a emissora. Nos últimos anos verificou-se crescer um abismo de pagamento de direitos entre os times, levando alguns até a acreditar na “espanholização” do futebol brasileiro, onde apenas dois clubes controlam parte considerável do dinheiro circulante no que tange ao pagamento de exibição de partidas pela TV. Mas não é só isso.
Sabe-se que algumas equipes – notadamente o Atlético-PR, Palmeiras e Santos – já reclamam faz tempo da detentora das transmissões de futebol no Brasil. A reclamação bate sempre no tratamento dado às partidas desses times, muitas vezes excluídas da exibição na TV aberta, a parte de maior interesse dos clubes pela visibilidade alcançada e o retorno proporcionado aos seus patrocinadores.
A criação desse grupo também atinge outra questão: a Primeira Liga, estabelecida a reboque da crise de credibilidade da CBF, que deveria ter sido um contraponto ao modelo adotado pela confederação na realização e comercialização de competições, mas que no fim se rendeu ao antigo esquema existente – inclusive com a Globo tendo os direitos do torneio a preço de banana.
Nenhuma das cinco equipes que formam hoje o pool participa do torneio da Primeira Liga esse ano – em 2016, na primeira edição do torneio, Coritiba e Atlético-PR chegaram a integrar a competição. O pool de negociação de TV pode ser mais uma tentativa de acabar com a ditadura das transmissões do futebol brasileiro.