Clubes enfrentam a CBF e dessa vez podem vencer

A recém-criada Liga Sul-Minas-Rio resolveu encarar a CBF por voltar atrás e informar que para realização de um torneio do grupo no ano que vem, é preciso uma assembleia de ratificação.

A CBF, que antes havia dito que incluiria o torneio no seu calendário e daria apoio arbitral, mudou o discurso e cedeu às pressões das federações associadas – as mais prejudicadas, já que as datas das partidas da Liga são no período dos campeonatos estaduais.

O problema é que a CBF está bastante fragilizada, com seu presidente à beira de ser formalmente acusado de corrupção.

E a Liga, integrada por grandes clubes do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais e Rio de Janeiro, vê, com isso, momento de se livrar, no primeiro momento, dos estaduais, cujos maiores beneficiários são as próprias federações e os times controlados por empresários de jogadores – e os que menos ganham são os clubes da elite e os times pequenos sérios (muitos centenários) dependentes dos estaduais para sobreviver.

 

O rompimento cria um imbróglio da Liga com a TV Globo, que aguardava um desfecho positivo na CBF para fazer proposta de direitos de transmissão do torneio.

Não se sabe qual será a postura da emissora com o impasse, mas caso aceite fazer acordo com a recém-criada Liga, o movimento deverá ser visto como um desalinhamento da Globo à CBF depois de anos de parceria. A Liga já estudava propostas de transmissão do torneio da Record, Fox e Esporte Interativo.

O fato é que a Liga não está enfrentando apenas o modelo de competições, e os arranjos permanentes da CBF com as federações sem atender primeiramente aos interesses das equipes.

Mas também a forma de negociação da confederação com patrocinadores e diretos de TV – já apontados pela Justiça norte-americana como suspeitos e que, por isso, levou o ex-presidente Marin à prisão. Os clubes estão convencidos que contratos assinados entre a CBF e empresas e emissoras de televisão, além de suspeitos, os engessam.

No fundo, a Liga quer protagonismo nas decisões e também independência. Se aproveitar o momento de decadência da CBF, o grupo pode suplantar suas ideias e, quem sabe, impor um modelo menos autocrático de gestão do futebol.