Por conta da final do campeonato mundial de clubes, envolvendo o campeão europeu Real Madrid e o campeão sul-americano Grêmio Portoalegrense, surgiu a discussão de quem teria sido melhor jogador: Renato, técnico brasileiro, ou Cristiano Ronaldo, craque do time espanhol.
A discussão, para falar a verdade, não surgiu assim de forma espontânea. Foi o Renato Gaúcho quem afirmou numa entrevista que teria jogado mais no passado do que faz hoje o atacante português, goleador de grandes recursos técnicos e eleito cinco vezes o melhor jogador do planeta.
Logo apareceram defensores das duas teses. Nenhum gremista sequer sonhou admitir, ainda que remotamente, que o Renato Gaúcho tenha sido inferior tecnicamente ao narcisista (o gajo passa mais tempo olhando para a sua imagem no telão do que para a bola) craque português do Real Madrid.
Em compensação, a maioria dos europeus que foram ouvidos nas pesquisas de opinião disseram que sequer conheciam o ex-jogador brasileiro. O próprio técnico Zinedine Zidane, do Real Madrid, disse que ouvira falar sim do Renato, mas que jamais o vira em ação. Jamais, em tempo algum!
Não é de causar qualquer estranhamento que os europeus declarem não conhecer o Renato Gaúcho. A um europeu absolutamente não interessa o que acontece nas periferias do mundo. Um europeu só olha para o próprio umbigo. Qualquer coisa fora dessa área, simplesmente não existe pra eles.
A minha hipótese é a de que não se pode comparar tempos. Cada período temporal está impregnado de circunstâncias tão peculiares que se torna impossível a gente determinar assim com total precisão qual jogador foi melhor do que outro (a não ser com gênios absolutos, como Pelé etc.)
Não me parece que Renato ou Cristiano Ronaldo possam ser alçados a essa condição de geniais. O português tem ótimos números e finaliza para o gol com impressionante precisão. Já o Renato costumava entortar os seus adversários. Mas o “gênio”, esse é o cara que faz o que não se pode explicar.
Existem coisas que o Cristiano Ronaldo faz que o Renato jamais fez (arrumar o cabelo e tirar um cisco do olho pelo telão do estádio, por exemplo). E existem detalhes da bola do brasileiro que dificilmente o português repetirá (gol de barriga em jogo decisivo, também por exemplo).
Enfim, como eu disse em alguma das linhas anteriores deste texto, é impossível comparar tempos. O instante sucessivo, assim como mergulhos num mesmo rio, é sempre outro. Eu acho que o Renato Gaúcho sabe disso e só levantou essa bola para mudar o foco da decisão. Só pode ter sido isso!