MANOEL FAÇANHA
Nos primeiros anos do século XXI, a Copa Amazônica de Natação era um dos grandes eventos esportivos realizado na região Norte. A cidade de Rio Branco resolveu, então, voltar a sediar as edições das provas das temporadas 2004 e 2005, precisamente na piscina da Associação Atlética Banco do Brasil. Lembro-me que a disputa foi polarizada entre as equipes da AABB/Rio Branco-AC e Caia/Porto Velho-RO. Então, pra contar um pouco dessa história, o “Arquivo do Façanha” traz alguns fatos e imagens, principalmente das provas de 2004, quando realizamos uma cobertura especial da competição.
Caia-RO é hexa e comemora com pato à beira da piscina
A VIII Copa Amazônia de Natação, ocorreu uma semana antes do início das Olimpíadas de Atenas (13/08 a 29/08 de 2004). A equipe brasileira masculina da modalidade contava naquela época com nadadores de ponta como Gustavo Borges, Fernando Scherer ou Thiago Pereira. No entanto, eles decepcionaram e os melhores resultados para o país vieram do naipe feminino. Foram três finais com a participação feminina brasileira, assim, superando pela primeira vez o desempenho masculino desde os Jogos de Berlim-1938. Na época, o destaque brasileiro ficou por conta das adolescentes Joanna Maranhão e Flávia Delaroli. As duas chegaram à final dos 400 m medley e 50 m livre, respectivamente, e preencheram uma lacuna de 56 anos sem mulheres brasileiras numa final olímpica. Ao fazer parte da equipe de 4×200 m livre que conquistou o sétimo lugar, Joanna também igualou o feito de Piedade Coutinho, que, nos Jogos de Londres-1948, nadou em duas finais (400 m livre e revezamento 4×100 m livre).
Retornando à nossa reportagem, essa realizada no período de 7 a 8 de agosto, na piscina da AABB/Rio Branco, com a participação de 509 atletas de seis equipes: Caia (RO), AABB (AC), Ferroviário (RO), Natação Tubarão (AC), Apabv (RR) e Sesi (AC), ela voltou a proporcionar uma briga acirrada pela primeira posição do pódio entre as equipes da AABB/Rio Branco-AC e Caia-Porto Velho-RO. Na somatória dos pontos disputados, o Caia (RO) levou a melhor e conquistou o sexto título em oito edições da competição.
Entre as cenas da comemoração do hexacampeonato da equipe visitante, ocorridas na piscina do clube bancário, ficou marcada aquela dos atletas do Caia reverenciando a imagem de um pato, isso pelo fato do animal ser o mascote do clube. Essa cena foi flagrada pela minha lente, inclusive, cheguei a publicar a foto na minha coluna “Na Marca da Cal”, que circulou no dia 11 de agosto daquele ano, na página de esportes do jornal O Rio Branco.
Atletas da AABB são pré-convocados
Mesmo com a decepção da perda do título em casa, o clube bancário da AABB/Rio Branco conseguiu emplacar três atletas na pré-convocação da equipe brasileira visando os Jogos Olímpicos de 2014. Os convocados, à época, segundo a professora Lucy Queiroz, então presidente da Federação Aquática do Estado do Acre (Faea) foram: Ivy Rodrigues, Jefre Lopes e Alecsandra Camargo, todos atletas da categoria petiz.
AABB-AC supera o Caia-RO e conquista o tricampeonato
No ano seguinte, a IX edição da Copa Amazônica de Natação ocorreu no período de 19 a 21 de agosto, também na piscina de 25m da AABB/Rio Branco. Na época, a competição passou a ser dividida em dois eventos com presença de oito clubes dos estados do Acre e Rondônia, totalizando 288 atletas inscritos. A disputa, mais uma vez, ficou polarizada entre as equipes da AABB/Rio Branco-AC e Caia/Porto Velho-RO, mas com vitória do conjunto acreano na somatória geral da pontuação.
Na edição anterior do torneio, as provas haviam contado com a participação de atletas das categorias mirim até sênior. No entanto, na temporada de 2005, a Federação Aquática do Estado do Acre (Faea), resolveu fazer algumas mudanças no regulamento da competição na busca da melhoria do evento. Com isso, houve um desmembramento do torneio, nascendo, assim, o I Festival Mirim e Petiz de Clubes de Natação da Amazônia. Outra mudança ocorreu no período da competição, passando de dois para três dias, devido às duas disputas ocorrerem paralelamente.
Na época, a direção da Faea, explicou que a mudança possibilitou um aumento de rendimento dos atletas, algo comprovado com o excelente número de recordes estabelecidos durante o transcorrer das 111 provas – 33 recordes, cerca de 30% em relação à edição anterior da competição.
Na edição da Copa Amazônica de 2005, a briga pelo troféu de campeão voltou a marcar o duelo particular entre as equipes do Caia/RO e AABB/AC. O primeiro corria em busca do heptacampeonato, enquanto o segundo tentava o sonhado tricampeonato, mas a equipe da casa deu o trocou e ficou em primeiro lugar com 4.372 pontos contra 3.583. Outro duelo que mereceu atenção especial naquela edição do torneio foi proporcionado pelas equipes da Ferroviário/RO e Natação Tubarão/AC, com as duas equipes brigando ponto a ponto pelo terceiro lugar. Entretanto, a equipe do Ferroviário, somou 29 pontos a mais que a equipe acreana, isso pelo fato de seus atletas conquistarem 22 dos 33 recordes da competição. Na quinta posição chegou a equipe rondoniense do Nadar/RO. Aseel/RO e Madley/RO foram a sexta e sétima colocadas, respectivamente.
Veja quem foram os principais destaques
Os nadadores Guilherme Fronho (inf. masc.400L), Ianara Silva (inf. fem.400L), Thais Fontes (Inf2. Fem 50L), Javier Viana (inf2 masc.50L), Isabel Azevedo (juv1 fem.100C), Lucas Profeta (juv1 masc.50L), Paula Ingrid Leite (juv2 fem 100P), Douglas Kirchner (juv2 masc 50L), Verusca Correia (juv1 fem.400l), Hugo Filho (jun1 masc.50L), Natalia Albuquerque (jun2 fem 50L), Gustavo Miranda (jun2 masc.100C), Taiana Davis (Sên fem.50L) e Romer Nobrega (sên masc.100C) alcançaram os melhores índices técnicos da IX edição da Copa Amazônica de Natação.
Patrocínio
A IX edição da Copa Amazônica de Natação fez parte do calendário oficial da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) e teve o patrocínio da empresa Porto.com Informática, através da Lei de Incentivo Fiscal ao Esporte e a Cultura FISCAL, do Governo do Estado do Acre, além, é claro, do grande apoio da CBDA.
Projeto social leva cidadania para crianças da periferia
Durante a realização da IX Copa Amazônica de Natação e do I Festival Mirim e Petiz de Clubes de Natação da Amazônia foi realizado um projeto de inclusão social de autoria da CBDA e dos Correios, denominado Correios – Águas do Brasil, projeto ligado ao Fome Zero, do Governo Federal.
Lembro-me que o projeto proporcionou a participação indireta de cerca de 150 crianças de escolas da rede pública de ensino de bairros periféricos de Rio Branco, que não somente tiveram o direito de assistirem as provas, mas também, foram agraciados com camisetas e bandeiras para torcer pelas equipes presentes na competição. Na ocasião, a organização do evento serviu durante as provas um delicioso lanche às crianças. Paralelamente a isso, a organização arrecadou cerca de 300 quilos de alimentos não perecíveis, com os colaboradores participando de um sorteio de 30 camisetas do projeto e mais uma da seleção brasileira de Natação. Na época, segundo a direção da Faea, os alimentos arrecadados foram doados a uma Instituição de caridade indicada pelo diretório regional dos Correios.
