Estamos a pouco mais de dois meses da Copa do Mundo do Catar, mas muitos torcedores não conhecem como surgiu a ideia da criação de uma competição intercontinental como essa, assim como outras histórias a respeito do torneio. E, pensando exatamente nestas histórias, me dedicarei a publicar uma vez por semana, neste espaço, algumas fatos sobre essa apaixonante e quase secular competição.
E o meu primeiro texto vai buscar contar um pouquinho do primeiro Mundial, que começou a ser pensado ainda em 1904. Conforme relatos históricos, inúmeros encontros foram organizados pela FIFA, em diversas partes do mundo, para organizar o torneio, mas apenas em 1930 a bola rolou para o Mundial do Uruguai, após o país sul-americano vencer a disputa com diversos países europeus para realizar o evento esportivo.
A partir da escolha da sede, o grande responsável pela mobilização para garantir a presença dos países na competição foi o francês Jules Rimet, presidente da FIFA na época. No total, apenas 13 seleções confirmaram participação, quatro delas europeias (França, Iugoslávia, Romênia e Bélgica cruzaram o Oceano Atlântico para disputarem a primeira Copa do Mundo). Já os sul-americanos foram representados por Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai, Bolívia, Peru e Chile, enquanto as duas Américas do Norte e Central estiveram presentes no torneio com os Estados Unidos e o México.
A presença das seleções europeias na Copa do Uruguai não foi algo fácil e teve vários personagens trabalhando nos bastidores para garantir a participação desses países. Na França, o próprio Jules Rimet fez um trabalho incansável para o torneio contar com a presença dos Blues. Na Bélgica, o vice-presidente da Fifa, Rodolphe Seeldrayers, convenceu a seleção local a marcar presença na competição. Na Iugoslávia, o rei Alexandre evitou um boicote do país ao torneio intercontinental, enquanto na Romênia, o rei Carlos II, não somente selecionou os atletas, como também garantiu, juntos aos empresários, que os atletas, ao retornarem do Mundial, não viessem a ser demitidos.
No Brasil existia uma briga interna entre CBD e APEA, a primeira carioca e a segunda paulista, que lutavam apenas pelos seus próprios interesses e não se preocupavam com o Mundial. Com isso, a seleção brasileira contou apenas com jogadores cariocas, exceto Araken Patuska, que brigou com a diretoria do Santos-SP, para participar da competição.
A Copa do Mundo do Uruguai contou com 13 seleções e, na primeira fase, as equipes foram divididas em quatro grupos, um deles com quatros seleções (Argentina, Chile, México e França). O Brasil foi inserido no Grupo B, juntamente com a Bolívia e Iugoslávia. Na estreia, a seleção brasileira perdeu para a Iugoslávia por 2 a 1. Na outra partida do Mundial, o selecionado brasileiro derrotou os bolivianos por 4 a 0, mas a vaga do grupo já havia ficado com o selecionado europeu.
Argentina x Estados Unidos e Iugoslávia x Uruguai fizeram as semifinais e os sul-americanos venceram os dois duelos por 6 a 1. Na decisão, os anfitriões superaram os argentinos pelo placar de 4 a 2.
