Conversa com o Ananias

Tenho feito uma série de entrevistas com ex-jogadores de futebol do Acre (campo e quadra). O resultado vai para as páginas do jornal Opinião e para os sites www.namarcadacal.com.br e www.grandearea.net.br. Mas o que a gente publica, por uma questão de espaço, é só um resumo do material.

Muita coisa fica de fora, principalmente quando se trata daqueles ex-atletas de memória apurada. É o caso, por exemplo, do cidadão rondoniense (natural de Presidente Médici) Delvanir Leonardelli, mais conhecido como Ananias, lateral que escreveu uma bela história com a camisa do Rio Branco.      

Dessa forma é que eu vou trazer para a crônica de hoje duas coisas que me foram confidenciadas por ele e que não saíram quando da publicação do seu perfil. Primeiro, uma comparação entre passado e presente do futebol acreano. E depois, uma análise sobre os motivos dos problemas do Estrelão.

No que diz respeito aos tempos distintos do futebol acreano, Ananias disse, entre outras coisas, que “essa é uma comparação bem simples de se fazer. Se fôssemos relacionar excelentes jogadores do passado, a lista seria bem extensa. Mas se a lista fosse atual, entrariam nela bem poucos nomes”.

E disse mais. “Na minha opinião, o futebol do passado era um futebol gostoso de assistir, sem muita estrutura e com muitos craques. Hoje tem boa estrutura, mas o nível é baixo, faltando bons jogadores. Penso que em um futuro próximo achar um craque vai ser mais difícil do que encontrar ouro”.

Sobre os problemas atuais do Rio Branco, Ananias explicou que mais do que a exclusão do time na justiça, na série C de 2011, o que pesou para o clube entrar nessa espiral descendente foram os fatos acontecidos no ano seguinte, quando os dirigentes montaram um elenco caro que não jogou.

Segundo o ex-atleta, o Governo do Estado prometeu uma verba de dois milhões e quatrocentos mil reais para o clube, desde que fosse contratado um treinador que já tivesse no currículo algum acesso para a série B. Aí foi contratada toda uma comissão técnica, ao valor de cem mil reais por mês.

“Era uma comissão técnica de paletó. O técnico se chamava Macuglia. E na opinião dos atletas era um treinador horrível. Um Fusca maquiado de Ferrari. O empresário desse treinador virou auxiliar dele, ganhando uma fortuna. Sem contar os valores astronômicos pagos aos jogadores de fora”.

Tudo isso, explicou o Ananias, somando-se ao fato que o clube foi impedido de participar da competição, por conta da confusão com o Treze de Campina Grande, fez com que o Governo do Estado repassasse somente a metade do valor acordado. E aí deu no que deu. Sobraram prejuízos.