Copa do Brasil: nova edição

A Copa do Brasil é a competição mais democrática do país. Todos os estados brasileiros participam. Em tese, qualquer time, tanto faz se do extremo Norte ou dos confins do Sul, pode aspirar a glória máxima de levar o troféu para as suas vitrinas. Não existe, afinal, limites para o sonho!

Não existe limites para o sonho, mas no mundo real o que aconteceu nos últimos 30 anos, desde que a competição foi criada, foi um domínio absoluto dos clubes do Sul e do Sudeste do país. Equipes do Norte, ou do Centro-Oeste do país jamais foram campeãs. O Nordeste venceu uma vez.

São Paulo é o estado com o maior número de títulos. Nove conquistas, distribuídas entre Corinthians (3), Palmeiras (3), Santos, Paulista e Santo André. Rio Grande do Sul e Minas aparecem com sete títulos cada um, com Grêmio (5), Inter (1), Juventude (1), Cruzeiro (6) e Atlético Mineiro (1).

São 23 títulos, portanto, divididos entre São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. Os outros foram para Rio de Janeiro, Santa Catarina e Pernambuco. Do Rio de Janeiro, o Mengão venceu três vezes. O Vasco e o Flu, uma vez cada. Criciúma (SC) e Sport Recife (PE) fecham a lista.

Para os times do Norte, aliás, passar da primeira fase já equivale a uma verdadeira façanha. Participar é um direito legítimo, dentro das regras estabelecidas pela Confederação Brasileira de Futebol. Ultrapassar um adversário tradicional e de maior poderio econômico é alçar-se ao paraíso.

Não é possível mesmo ser de outro jeito. A diferença de estrutura no que diz respeito ao futebol entre as regiões do país são abissais. Os times da periferia, de modo geral, sobrevivem tão somente a partir da abnegação dos seus dirigentes. Só um ou outro tem ajuda do poder público e de empresários.

Além do mais, quando surge num clube desses que eu chamo de periféricos uma geração de jogadores de boa técnica, logo eles alçam voo para outras paragens. É um processo natural. Eles vão jogar onde podem ser mais vistos e onde serão melhor remunerados pelo seu trabalho. Natural!

O Atlético Acreano, que disputou a Série C deste ano, é um bom exemplo deste êxodo de jogadores que eu acabei de dizer. Levou anos para montar uma boa equipe e agora vai ter que se virar para achar substitutos à altura dos que foram embora. Não vai ser uma tarefa nem um pouco fácil.

Enfim… Conjecturas à parte, o certo é que vem aí uma nova edição da Copa do Brasil. Começa em fevereiro. Os dois representantes acreanos vão pegar times do Nordeste. O campeão Rio Branco pega o Bahia. O vice-campeão Galvez pega o ABC. Como diz a publicidade, “quem viver, verão”!