No Mundial de 2018, o Brasil empatou com a Suíça (1 x 1). Foto: Lucas Figueiredo/CBF

Copa do Catar 2022: analista do sub-20 do Santos/SP avalia os adversários do Brasil

Foto: CBF/Divulgação

MANOEL FAÇANHA

Conhecidos os grupos da Copa do Catar 2022, as seleções classificadas para o torneio começam a trabalhar para decifrar os vários estilos de jogo dos adversários, assim como a qualidade de cada jogador na busca de neutralizar durante as partidas para avançar na competição.

Inserido no Grupo G, o Brasil terá adversários relativamente “conhecidos”, uma vez que no Mundial de 2018 enfrentou as seleções da Suíça (1 x 1) e da Sérvia (2 x 0), também na fase de Grupos. Por fim, outro adversário será Camarões, candidato a lanterna dessa chave.

O site Na Marca da Cal resolveu, então, convidar o analista de desempenho Ivan Mazzuia, vice-campeão com o Santos-SP na disputa da Copa São Paulo de Futebol de Junior 2022, para opinar a respeito das características dos adversários do Brasil na fase de grupos da Copa do Catar.

Estudioso no assunto, Mazzuia chamou atenção para o eficiente sistema defensivo da seleção suíça, onde, segundo ele, o ferrolho suíço voltou a funcionar com eficiência nos últimos anos, tanto que eliminaram os franceses na última Eurocopa e empurraram os italianos para a repescagem durante a disputa das eliminatórias europeias. Na avaliação de Ivan Mazzuia, os jogadores Xhaka (Arsenal), Zakaria (Juventus) e Shaqiri (Chicago Fire) formam o trio perigoso da terra dos alpes, dos chocolates, dos queijos e dos relógios.

O analista de desempenho Ivan Mazzuia, de 31 anos, está no Santos desde 2020. Foto/Pedro Ernesto Guerra Azevedo

A respeito das seleções de Sérvia e Camarões, Ivan Mazzuia, que já prestou serviço para clubes acreanos como Plácido de Castro, Atlético Acreano, Galvez e, atualmente, realiza trabalhos para o Humaitá, analisa que futebol defensivo e faltoso é predominante na seleção da antiga Iugoslávia, mas o Brasil não pode baixar a guarda, pois o time sérvio ainda conta com alguns jogadores de boa qualidade técnica: Tadic (Ajax), Milinkovic-Savic (Lazio) e Vlahovic (Juventus). Já a seleção africana, ele disse que é uma equipe que oscila bastante ao conseguir resultados satisfatórios e tropeços inadmissíveis. Aboubakar (ex-FC Porto), artilheiro da Copa Africana das Nações, com oito gols, Ekambi (Lyon) e Choupo-Moting (Bayern München) são as apostas da equipe africana no Mundial do Catar.

Foto: Portal Morada

Suíça

Na avaliação de Ivan Mazzuia, se tem uma seleção que pode disputar à liderança da chave com o Brasil é a Suíça, equipe credenciada pela invencibilidade nas eliminatórias (5 vitórias e 3 empates), além da fama do “ferrolho suíço”, que novamente voltou a funcionar: 15 gols marcados e apenas 2 gols sofridos.

Duas vítimas deste oponente foram a França e a Itália. Os franceses foram eliminados nos pênaltis durante a última Eurocopa, enquanto os italianos perderam a condição de líderes da sua chave nas eliminatórias europeias para os suíços e, posteriormente, foram eliminados na repescagem pela Macedônia do Norte. Ivan diz que esses resultados conquistados são comprovações da regularidade dos suíços.

Ivan lembra que, caso eles consigam triunfar sobre a seleção do Brasil, será quebrado um tabu, já que a última vez que a seleção sul-americana perdeu na fase de grupos de uma Copa do Mundo foi para a Noruega (2 x 1), em 1998, na França. Os destaques individuais do time suíço são: Xhaka (Arsenal), Zakaria (Juventus) e Shaqiri (Chicago Fire).

O analista também chama atenção para uma curiosidade. O centroavante Embolo, que é camaronês e atua no Borussia Mönchengladbach (Alemanha), naturalizou-se suíço, país onde fez base e atingiu o nível profissional no Basel.

O time base mais utilizado pelo técnico suíço Murat Yakin é o seguinte: Sommer; Widmer, Schar, Akanji e Rodríguez; Xhaka, Freuler, Zakaria, Vargas e Shaqiri; Embolo (4-2-3-1). Técnico: Murat Yakin.

Sérvia

A respeito do adversário de estreia do Brasil na Copa do Catar, Ivan Mazzuia diz que, apesar da fama de seleção “dura”, o respeitado futebol sérvio talvez esteja no contexto histórico da antiga Iugoslávia, duas vezes semifinalista (1930/1962) e ainda medalha de bronze nas Olímpiadas de Los Angeles em 1984. Nesse contexto, está o treinador Stojkovic, ex-atleta do país.

Segundo Ivan Mazzuia, após um mergulho nos noticiários, descobriu que o treinador da seleção sérvia analisou o grupo “G” como complicado, mas, por outro lado, se mostra feliz em enfrentar o Brasil, que ainda de acordo com o mesmo é o favorito até mesmo para chegar às finais.

Ivan Mazzuia disse que, mesmo a seleção sérvia deixando Portugal para trás nas eliminatórias e se classificando de forma direta e invicta, os demais adversários eram limitados a exemplo de Azerbaijão, Irlanda e Luxemburgo. O futebol defensivo e faltoso, quando necessário predomina, existindo dificuldade em mudar o estilo para apresentações alegres e ousadas, segundo explica Ivan Mazzuia, lembrando ainda que, após alguns amistosos, o sinal da luz amarela acendeu para os sérvios: derrota de 3 x 0 para Dinamarca e empate com Japão e Jamaica, 1 x 1.

Na avaliação do analista, a esperança sérvia está no sistema de jogo que é muito dinâmico, 3-4-3 que permite variações e, em teoria, cria superioridade numérica no setor onde a bola está em disputa, por causa da versatilidade do trio: Tadic (Ajax), Milinkovic-Savic (Lazio) e Vlahovic (Juventus). O jogador da equipe de Turim já anotou 25 gols e três assistências nesta temporada, justificando o investimento de 81 milhões de euros de seu clube atual para tirá-lo da Fiorentina.

O time base da seleção sérvia é o seguinte: Rajkovic; Nastasic, Veljkovic e Pavlovic; Gudelj, Milinkovic-Savic, Lukic, Kostic, Zivkovic e Tadic; Vlahovic.

Camarões

Sobre a seleção camaronesa, o analista Ivan Mazzuia, chega à conclusão que é uma verdadeira incógnita tamanha irregularidade do país africano durante suas últimas apresentações. A campanha de cinco vitórias e uma derrota, contrasta com alguns tropeços em partidas válidas pela Copa Africana das Nações, como derrota para Cabo Verde (3 x 1), empate contra Ruanda (0 x 0).

Para carimbar o passaporte ao Catar 2022, os camaroneses conseguiram reverter uma derrota para Argélia de 1 x 0 no tempo normal, levando a partida na prorrogação, quando um gol aos 118’ liquidou a fatura.

Em março, o treinador Toni Conceição foi demitido. Song, ex-zagueiro, presente nos Mundiais de 1994 e 1998 assumiu o posto. Não se sabe se ele continuará à frente dos Leões Indomáveis.

A melhor campanha do país foi em 1990, quando alcançou as Quartas-de-Final da Copa da Itália com um futebol surpreendente. Se há alguma esperança de reviver tais tempos, o povo camaronês confia nos seus homens de frente: Aboubakar (ex-FC Porto), artilheiro da Copa Africana das Nações com 8 gols, Ekambi (Lyon) e Choupo-Moting (Bayern München), que curiosamente balançou a rede três vezes nas eliminatórias, mas passou em branco no torneio continental.

A respeito da estrutura tática de Camarões, ele explica que pode variar devido a troca no comando técnico, mas até o momento, há duas combinações muito utilizadas: o 4-3-3 ou uma espécie de 4-4-2 com dois atacantes mais fixos e um 3º elemento aparecendo como surpresa de trás.

O time base dos Leões Indomáveis é o seguinte: A. Onana; Fai, Castelletto, Ngadeu e Tolo; Ekambi, Gouet, Hongla e J. Onana; Aboubakar e Choupo-Moting.