Coubertin

Foi a partir do pensamento de um pedagogo e historiador francês chamado Barão Pierre de Coubertin, lá nos idos do século XIX, que se popularizou a ideia de que o mais importante numa disputa esportiva não seria, necessariamente, a vitória, mas, isso sim, o puro prazer de competir.

Coubertin teve uma sacada para, naturalmente, consolar os perdedores, levando em conta que só existe vaga, tanto nos registros históricos quanto no lugar mais alto do pódio, para um dos contendores. Só os vencedores é que são glorificados. Nem ser vice significa muita coisa.

Aliás, essa história de se conformar com a derrota, pra falar a verdade, parece mais com aquela fábula da raposa que desdenha das uvas suculentas que estão fora do seu alcance, dizendo que elas não interessam porque estão verdes. Existe mérito em lutar sim, mas bom mesmo é vencer.

Muitas vezes, em se tratando de futebol, não é preciso nem um título para levantar a cabeça e o moral de toda uma legião de torcedores. Às vezes basta uma vitória sobre um adversário categorizado. Não precisa nem ser uma vitória assim tão esmagadora. Uma vitória magra também serve.

Prova disso tudo que eu estou dizendo até aqui foi o triunfo do Rio Branco-AC sobre o Figueirense nessa quarta-feira (15 de fevereiro) que recém passou, pela primeira fase da Copa do Brasil. O Estrelão eliminou o Figueirense-SC ao vencer por 1 a 0 e levou sua imensa torcida ao delírio.

Com todos os percalços pelos quais o clube tem passado nos últimos tempos, tanto dentro quanto fora do campo, passar para a segunda fase da Copa do Brasil, eliminando um adversário que costuma frequentar a elite do futebol brasileiro, teve mesmo todos os contornos de um feito épico!

Se o time acreano tivesse sido derrotado e, consequentemente, fosse eliminado da Copa do Brasil, ninguém, absolutamente ninguém, iria se referir com algum prazer ao pensamento do Barão de Coubertin. Ao contrário disso, o moral e a cabeça continuariam apontando para baixo.

Sem falar no dinheirinho extra que deixaria de entrar nos cofres do clube, em caso de desclassificação prematura. É um tempo de vacas magérrimas nas finanças do Rio Branco e faz um bem danado qualquer grana, por menor que seja, que pinta na área. Faz muito bem. Ora se faz!

Então é isso, meus prezadíssimos amigos leitores. O próximo adversário é o tocantinense Gurupi, que eliminou o paranaense Londrina. O jogo, marcado para o dia 1º de março, é lá na casa dos homens. Que a deusa bola possa continuar a se render à fantasia dos craques do Estrelão!