Covarde agressão

Um dia desses eu vi uma cena bárbara na televisão. Pra falar a verdade, a televisão barbariza os nossos olhares todos os dias. Mas quando eu digo isso, absolutamente não estou culpando o veículo. É a vida real que está cada vez mais violenta. A televisão só mostra que o perigo ronda em cada esquina.

Mas essa cena especificamente a qual eu estou me referindo foi a daquele marginal que agrediu um árbitro de futebol no campeonato gaúcho da segunda divisão. O facínora, cujo nome eu sequer fiz questão de gravar, além de jogar o árbitro ao chão ainda aplicou-lhe um chute na cabeça.

O sujeito ali caído, inerte, sem nenhuma chance de defesa e ainda recebeu um golpe na cabeça. Como assim? Que tipo de animal irracional pode ser capaz de um ato dessa natureza? Quer dizer, “irracional” é que não é. O “vagaba” que cometeu aquele crime o fez em perfeita racionalidade sim.

A consequência do fato foi um dia de hospital do árbitro agredido e um dia de cadeia do agressor. Embora aparentemente não tenha havido maiores sequelas, o árbitro não sabe quando voltará a exercer a sua profissão. Já o jogador mau caráter, este teve o seu contrato imediatamente rescindido.

Na esfera esportiva, provavelmente o agressor pegue uma suspensão de um ano. Na esfera penal, apesar de existirem relatos que ele já tenha passagem pela polícia, provavelmente o dito cujo não venha a “curtir” nem mais um dia de cana. O código penal brasileiro é muito brando nesses casos.

Por sorte, a “pátria amada” ainda não promulgou nenhuma lei concedendo porte de armas para jogadores de futebol dentro de campo. Se isso já houvesse acontecido, talvez aquele profissional da arbitragem, em vez de um pontapé, tivesse levado meia dúzia de caroços de chumbo nas costas.

Naturalmente, é claro, não foi a primeira vez na história do futebol que um árbitro foi agredido durante a prática do seu ofício. Antigamente, isso era fato comum. Havia árbitro que só apitava a favor do time da casa, com medo de sofrer agressões. Mas eu imaginava que isso houvesse ficado no passado.

Esse meu pensamento se justifica pelo fato de que nos anos mais antigos do passado não havia tantas câmeras para mostrar o que acontecia durante as partidas. E, dessa forma, a gente só sabia das coisas por ouvir falar. Não é o caso de agora, quando tudo pode ser visto em tempo real.

Por último, a propósito desse tema, eu lembro de que no futebol do Acre dos anos 1960 havia um árbitro chamado Adalberto Pereira que só ia a campo com uma “peixeira” na cintura. Quando alguém queria agredi-lo, ele subia a camisa e mostrava a “criança”. Isso acalmava na hora o nervosinho!