Francisco Dandão
Durante bons 23 anos (de 1983 a 2005), o cidadão David Elias Abugoche, nascido em Rio Branco, no dia 24 de janeiro de 1953, militou no esporte acreano como técnico de futebol de salão (até 1989) e de futsal (de 1990 até o encerramento da carreira), passando por uma infinidade de times e conquistando inúmeros títulos em quase todos eles. Um técnico vencedor!
Antes, porém, de se iniciar na carreira de técnico, David tentou a sorte como jogador de futebol. Primeiro como zagueiro de um time do bairro do Bosque chamado Botafogo. Depois como goleiro nos juvenis do Independência e do Andirá. E, por último, como atacante do Vasco da Gama. “Mas eu descobri cedo que o meu negócio era outro”, disse sorrindo David.
“Eu fui para o Independência levado pelo Campos Pereira. Fomos para o Tricolor eu, o Dango, o Tonho, o Ivo, o Valdeca e o Agnélio, todos do bairro do Bosque. Eu iniciei como terceiro goleiro. O titular era o Paturi e o reserva o Ori. Aí o Paturi subiu e eu fiquei como primeiro reserva. Mas então chegou o Ilimani, eu vi que não teria chances e fui embora”, falou David.
Do Independência, David foi para o Andirá, treinado pelo professor Zé Américo. No Morcego, ele se deu melhor. Além de titular no time juvenil, David chegou a ser convocado para a reserva do Pituba, dono da posição no time principal. E chegou, inclusive, a levantar uma taça de Torneio Início. Mas logo teve que sair do time da Cadeia Velha para servir ao Exército.
Outras camisas e a experiência nas quadras
Durante o tempo no Exército, David fez amizade com o Eduardo “Bidu”, filho do presidente do Vasco, Almada Brito. Sabedor que ele gostava de jogar bola, Bidu tratou de leva-lo para um teste no time cruzmaltino. Mas não como goleiro e sim como centroavante. “Treinei e até cheguei a jogar, mas foi uma negação. Aí resolvi largar a bola e estudar”, explicou David.
Antes de entrar no curso de Geografia da Universidade Federal do Acre (Ufac), porém, David ainda jogou (até 1979) em vários times de bairros, em torneios na periferia de Rio Branco. Casos do Cruzeiro das Placas, do Atlético da Apolônio Sales, do América do São Francisco, do Tonopan da rua Silvestre Coelho e do Boscolo do bairro do Bosque.
Foi na universidade que aconteceu a migração dele para as quadras. “O ano era 1980 e a seleção de futebol de salão da Ufac se preparava para disputar os Jogos Universitários Brasileiros (JUB’s). Então, um belo dia, o amigo Mundoca, que fazia parte do time, me chamou para treinar. Eu aceitei o convite e acabei participando de duas edições dos JUB’s”, afirmou David.
Na volta de um desses jogos, o dirigente José Macedo, que tanto era ligado à Ufac quanto ao Rio Branco, o convidou para assumir como técnico do Estrelão. David topou e passou, até o fim da carreira, por diversos clubes, entre os quais Cruzeiro, Piauí, Tarauacá, Banacre, Volta Redonda, Gráfica Estrela, AABB, Pingo de Ouro, AGE Construções, IBB e Bem-te-vi.
Títulos, autocrítica e o jogo inesquecível
David contou que de todos os times que dirigiu só não foi campeão acreano no Cruzeiro, no IBB, no Bem-te-vi e na AGE. Mas no Cruzeiro venceu o título dos jogos regionais das companhias aéreas, em Porto Velho. E na AGE venceu os jogos regionais do Sesi, em Manaus. Apesar desse sucesso, porém, confessou não se sentir mais capaz para continuar a carreira.
Sobre o seu jogo inesquecível, o ex-treinador elegeu uma decisão de campeonato acreano em que ele dirigia o Pingo de Ouro. Jogo contra o Atlético Brasileense. “Eles tinham um cracaço, que era o Anjo, e a gente terminou o primeiro tempo perdendo por 2 a 0. O presidente Odvan estava muito nervoso. No intervalo, substituímos o goleiro e viramos”, disse David.
Instado a escalar uma seleção de futebol de salão/futsal, David fugiu da tarefa, dizendo que ia “deixar essa batata quente para outro”. Justificou afirmando que nessa escolha cometeria injustiças e deu exemplo citando ótimos goleiros: “Pão Torrado, Azevedo, Lauro, Auzemir, Dinda, Rômulo, Hudson, Ari, João Passos, Pacu, Deise, Marinho, Paulo Facão, Tarso…”.
Sobre o futuro, David, que além de atleta e treinador também foi dirigente da Federação de Futsal e do Juventus, descartou qualquer ligação com o esporte. Ele garantiu que o seu tempo passou e que agora quer somente conversar com os amigos, ver programas esportivos pela televisão, “usar um caniço numa boa pescaria e cuidar da saúde e da família. Apenas isso”.