Del Nero e aliados não deviam ficar impunes no Brasil

O banimento do futebol para sempre de Marco Polo Del Nero pela FIFA é apenas uma questão protocolar. Já se sabia que a qualquer momento ele seria severamente punido.

Um sujeito que não pode viajar ao Exterior com risco de ser preso é uma das situações mais patéticas já vistas nesse País. Ainda que a FIFA tenha chegado à conclusão – agora em definitivo – dos mal feitos do ex-presidente da CBF, é preciso obter uma posição das autoridades brasileiras sobre isso.

Aliás, faz tempo, desde 2015 quando estourou o Caso FIFA, que a Justiça daqui deve uma investigação mais profunda sobre os contratos da CBF com terceiros.

Ainda que se alegue que no Brasil a investigação de assuntos privados seja muito menos caso de polícia comparado ao uso irregular de dinheiro público, não faz sentido que o País não dê uma resposta – ou fique totalmente passivo – ao que vem já sendo feito pela Justiça nos Estados Unidos, Suíça e Espanha, nações já atuantes nas questões ilegais relacionadas à entidade máxima do futebol mundial.

Destaca-se que a engrenagem que Marco Del Nero participou não é nova nem foi criada por ele – o ex-presidente apenas resolveu se integrar no “negócio”, assim como o fizeram o falecido João Havelange, Ricardo Teixeira, José Maria Marin, J. Hawilla, entre outros executivos.

Não há invenção de nada aqui. Tudo é público no Brasil. Porém, há certa conivência com isso de forma inexplicável do Poder Judiciário.

Ainda é preciso avaliar todas essas interligações corruptas do futebol brasileiro, que manipulou e manobrou o esporte, para se avaliar qual relação existente com a perda da nossa hegemonia no mundo com a bola nos pés.

Não que não imaginasse que o Brasil não conseguiria manter-se como principal força no futebol para sempre, numa atividade tão competitiva, mas a decadência tem sido a olhos vistos.

Perdeu-se a confiança que se tinha de tudo relacionado à seleção brasileira. Tratava-se como quase uma entidade superior e intocável. Hoje, perto de um mês da Copa do Mundo, é raro encontrar quem consiga relacionar a metade dos possíveis atletas convocados para jogar o Mundial da Rússia por conta do crescente desinteresse.

O fato é que futebol nacional mudou e é preciso estudar qual foi o estrago provocado pela nebulosa atuação da CBF. É uma questão de satisfação ao povo que tanto torceu pelo sucesso do esporte.