A falta de interesse (por enquanto) dos torcedores brasileiros pela Copa do Mundo – apesar de sua proximidade -, em comparação com os Mundiais anteriores, deve-se há vários fatores.
Pode-se dizer que a presença de poucos jogadores que atuam hoje no futebol brasileiro seja um dos motivos. Mas estende-se isso ao fato de que muitos atletas que jogam no exterior perderam vínculo grande com o torcedor local.
Primeiro, por que os jogadores nacionais têm saído cada vez mais jovens do País, o que não possibilita estabelecer uma relação mais intensa com o torcedor daqui, seja do seu time formador ou não. Em segundo lugar, pelo próprio desinteresse do atleta brazuca em manter relações com o futebol de origem.
O que há na atualidade é uma preocupação do boleiro em cada vez mais cedo dar uma solução à sua vida pessoal – talvez por pressão do empresário em obter retorno mais breve possível de seu investimento no “produto” -, fazendo com que negligencie o estabelecimento de identidade e reconhecimento de clubes e seus apoiadores aqui no Brasil às suas qualidades dentro e fora de campo.
A situação torna-se mais aguda quando o jogador se muda para o exterior, onde a distância física já cria enorme barreira de contato com o público – como é o caso da base da seleção brasileira, a maioria composta pelos chamados “estrangeiros”.
Mas os escândalos em torno da CBF pós-Copa 2014 também alimentam a desconfiança, assim como todos os problemas ocorridos de superfaturamento nos estádios construídos para o Mundial no Brasil, assim como os elefantes brancos criados e alguns projetos de concessão de arenas mal sucedidos.
Nesses últimos tópicos, o mal estar é geral. Como separar agora toda essa situação? Dos principais dirigentes do futebol brasileiro dos anos recentes, um está preso nos Estados Unidos (José Maria Marin) e outro foi banido do esporte (Marco Podo Del Nero) – sem contar que o último não pode deixar o País para não ser detido; é surreal.
Além do mais, não se vê entre os convocados nenhum jogador capaz de dizer que apesar de tudo, devemos neste momento nos unir pelo hexa e, por isso, contamos com o grito do torcedor, as bandeiras na janela e a decoração na rua.
Neymar, nosso maior ídolo e esperança, também vive imbróglio fora de campo ora pelo seu comportamento nada cordial, ora pela sua nebulosa transferência do Santos para o Barcelona, objeto de investigação na Espanha. Embora ambos casos sejam de pouca relevância ao torcedor na hora do jogo, ele não permite ao craque se apresentar como mensageiro dos valores da seleção brasileira.
É tudo muito embaraçoso. O que se espera é que o coração solitário de cada um fale mais alto quando o mês de junho chegar.