Quando chega dezembro, a bola para de rolar no maior país do hemisfério sul. A bola para, mas não, necessariamente, as escaramuças futebolísticas. É que apesar de os jogadores saírem em gozo de merecidas férias, os bastidores fervem e as diversas especulações costumam emergir.
Isso sem falar nas inúmeras retrospectivas que passam em todos os canais de televisão, lembrando pra gente o que aconteceu durante o ano. São relembradas alegrias e tristezas. Tanto a trajetória dos times campeões quanto a decepção daqueles que sofreram mais pancadas do que vitórias.
E isso também sem falar nas peladas beneficentes que acontecem em todos os quadrantes pátrios. Não tenho muita certeza se as tais peladas se traduzem em ajuda real aos necessitados, muito menos quanto elas arrecadam. O certo, porém, é que a realização delas é fato concretíssimo.
Mas o que eu curto mais nesses folhetins de dezembro é o que se refere ao fator “especulações”. O chamado mercado de jogadores. As idas e vindas. Sujeitos migrando de um time para o outro. Transações milionárias, outras nem tanto. Professores indo embora, professores chegando junto.
O professor de futebol é um dos cargos mais vulneráveis nesse país chamado Brasil. O sujeito é contratado por dois anos e, muitas vezes, não passa nem dois meses no posto. Chega ao clube com o discurso de absoluto otimismo, jurando amor eterno, e sai com um pé na bunda, praguejando.
A sorte dele, do professor de futebol, é que esse período que ele passa empregado frequentemente lhe dá uma grana suficiente para “curtir” a família pelo resto do ano. Ou até que alguém o chame para dirigir outra equipe. Isso no caso dos que conseguem dirigir times de primeira linha.
No que diz respeito à formação dos elencos para a temporada seguinte, esta costuma ser bem reveladora do que aconteceu no ano anterior. Os times que se deram mal mandam embora quase todo mundo. Já os que se deram bem vêem um assédio irresistível sobre os seus atletas.
Aos torcedores, que talvez sejam os maiores interessados nas idas e vindas, só cabe ficar discutindo dentro do seu próprio grupo se os jogadores que foram embora são melhores ou piores do que os que estão sendo anunciados. Discutem, mas só vão saber algo quando a bola voltar a rolar.
É isso. A essência do futebol reside no movimento da eterna reinvenção. Vai-se um ano e vem outro. O campeão de hoje pode ser o rebaixado de amanhã. Da mesma forma, o rebaixado de ontem pode ser o campeão do futuro. A bola na rede é que torna sólidos o sonho e a fantasia!