Antigamente, no espaço territorial acreano, futebol era o esporte dos finais de semana, o evento dos sábados e domingos. As tabelas costumavam marcar os jogos menos importantes para as tardes de sábado. Os domingos eram os dias reservados aos clássicos, aos jogos entre os melhores times.
Nos primeiros anos da década de 1970, a exemplo dessas minhas afirmações aí do primeiro parágrafo, existiam duas competições realizadas antes do campeonato principal: o Torneio da Imprensa e o Torneio do Povo. O primeiro destinado aos “clubes menores”. O outro jogado pelos “grandes”.
Andirá, Floresta, Vasco da Gama e Internacional, tidos como pequenos, jogavam aos sábados. Rio Branco, Independência, Atlético e Juventus, jogavam aos domingos. Quase sempre em rodadas duplas que começavam muito cedo porque não existia ainda a iluminação artificial.
O palco dos espetáculos era um só: o Stadium (assim mesmo, em latim, como toda a pompa do mundo) José de Melo. E a galera se ligava, de segunda a sexta-feira, nos programas esportivos das rádios Difusora Acreana e Novo Andirá, ambas AM, para saber as notícias dos seus times do coração.
O tempo, porém, como diria a verve lírica do poeta Mauro Modesto, “estilete vermelho em caule febril”, passou num instante e eis que bateu às portas do século XXI. O futebol jogado aos sábados e domingos ficou só na lembrança. E agora, meus caríssimos amigos, tem jogo todos os dias.
Dessa forma é que o campeonato acreano de futebol profissional de 2019 vai ter sua finalíssima jogada numa segunda-feira. Nesta segunda-feira, 22 de abril, por acaso (ou não) o dia em que se atribui ter sido o Brasil encontrado pela frota do navegador português Pedro Álvares Cabral.
Pela primazia de subir ao alto do pódio e beijar a mocinha (a taça, dizendo de outra maneira) no fim da epopeia, defrontam-se, na Arena da Floresta, a partir das 19 horas, o Galvez (campeão do primeiro turno) e o Atlético (campeão do returno). Isso, naturalmente, se a chuva permitir.
É uma decisão sem favorito. No primeiro jogo, disputado na sexta-feira recém passada, deu empate em um gol. O Galvez marcou primeiro, aos 39 minutos do segundo tempo. Àquela altura parecia que o time militar largaria em vantagem. Mas o Atlético correu atrás e obteve o empate.
O título vale muito para os dois clubes, apesar de ambos já terem garantido as vagas na Copa do Brasil do próximo ano, o que lhes assegura uma boa grana nos cofres. Para o Atlético vale a reafirmação do ótimo trabalho dos últimos anos. E para o Galvez vale a primeira grande conquista.