Diário de um mago

Depois de algum tempo sem dirigir um time da primeira divisão do futebol acreano, eis que o professor Marcelo Altino, carioca de sangue pra lá de bom, voltou às lides à beira do gramado. Voltou numa emergência, para dar um gás no Plácido de Castro, que vinha despencando na tabela.

Marcelo Altino ganhou de determinados setores da crônica esportiva o apelido de “mago” justamente pela sua capacidade de materializar resultados tidos como impossíveis, favoráveis aos times que ele dirige. Sagaz estrategista, ele costuma dar nós táticos nos técnicos adversários.

O grande exemplo desses chamados resultados impossíveis levados a cabo por Marcelo Altino talvez seja aquele 2 a 1 que o Rio Branco aplicou no Clube do Remo em pleno Mangueirão, templo do futebol paraense, na decisão da Copa Norte de 1997. Poucos acreditavam nessa possibilidade!

Agora, justificando a sua fama, Marcelo Altino, na estreia do returno do campeonato acreano de 2016, levou o chamado Tigre da Fronteira à vitória contra nada menos do que o Rio Branco, campeão do turno, um dos representantes do Acre na Copa do Brasil, bem como na série D nacional.

Além da vitória sobre o Estrelão, são vários os indícios que sugerem a condição de mago do velhinho. Quem prestou atenção na movimentação dele no banco de reservas do Plácido, no domingo, de camisa branca, medalhão no peito e bandagem no pulso, deve ter ficado desconfiado disso.

Foi o terceiro jogo do Marcelo Altino no comando do Plácido de Castro. Antes dessa vitória do fim de semana, ele havia perdido duas partidas. Para o próprio Rio Branco, por três a zero, e para o Galvez, por quatro a um. Houve até quem achasse que o poder do mago havia acabado.

Mas não era nada disso. O próprio Marcelo Altino explicou para o jornalista Manoel Façanha que as duas derrotas anteriores aconteceram porque não havia dado tempo a sua magia funcionar. Traduza-se: não dera tempo a rotina de atitudes cabalísticas entrar em sintonia com o universo.

Entre as atitudes dessa rotina, segundo o diário secreto do referido mago, cujos fragmentos andaram vazando numa rede social, consta um banho noturno no igarapé Rapirrã, uma madrugada de oração naquele Cristo na beira do rio Abunã e uma sopa de anofelino todas as noites.

Além disso, comenta-se que uma bruxa peruana teria chegado à cidade com o intuito de fazer uma reza na chuteira do atacante Zico. Se tudo isso é verdade, dificilmente alguém poderá saber. Mas o certo é que o Plácido venceu… E justamente com um gol do Zico. O mago é forte sim!