Pelos menos sete dos 12 estádios construídos ou reconstruídos para receber jogos da Copa do Mundo de 2014, enfrentam dificuldades de operação.
Mas há outros problemas, mais relacionados à conjuntura, como: queda de qualidade do futebol brasileiro, privilégio à transmissão pela televisão em detrimento ao torcedor de arquibancada (onde já se viu uma partida de futebol terminar meia-noite numa quarta-feira!), dificuldades de acesso às arenas, com problemas sérios no transporte público (com jogos em horários inadequados, compromete-se ainda mais o deslocamento de torcedores) e ingressos com preços altos à realidade brasileira.
O consórcio privado que administra o Maracanã, no Rio de Janeiro, pretende cortar até 70% de investimentos acordados em contrato de 35 anos de concessão com o governo do Estado, proprietário do local.
O gestor alega que o governo mudou unilateralmente projetos previstos para outros equipamentos esportivos existentes no complexo no Maracanã (caso do parque aquático Júlio de Lamare), prejudicando planos de exploração comercial no entorno do estádio.
O Flamengo e o Fluminense tem acordo de uso do estádio, mas reclamam das altas taxas cobradas pela utilização da arena. Por conta disso, já programaram para o Campeonato Brasileiro vários jogos para outros lugares para evitar esses custos.
No estádio Fonte Nova, em Salvador, administrado pelo consórcio formado pelas construtoras Odebrecht e a OAS, esta última anunciou recentemente que pretende colocar à venda sua participação na arena. A empresa está em recuperação judicial e integra a lista das empresas investigadas pela Lava Jato.
A OAS é também administradora da Arena Dunas e a construtora informou que quer também se desfazer do negócio de gestão desse estádio, localizado na cidade de Natal.
O Estádio de Brasília continua nas mãos do governo do Distrito Federal. Por conta da ausência de partidas de futebol no local, o poder público transferiu vários órgãos para as dependências do estádio, para evitar pagar aluguel em outros locais.
Brasília conta com clubes de futebol com pouca torcida, dependendo da presença de times de expressão nacional para encher o estádio. Até abril deste ano, apenas duas partidas de futebol foram realizadas na arena.
O problema é semelhante nos estádios nas cidades de Cuiabá e Manaus. Sem clubes de futebol com tradição, eles também dependem da promoção de jogos de clubes de São Paulo e Rio de Janeiro para atrair público.
A Arena Corinthians, construído pela Odebrecht, tem dívida milionária a saldar com a construtora. Uma solução está longe de acontecer e o clube enfrenta problemas até para pagar salários de seus jogadores.
Os outros cinco estádios, embora com dificuldades menores, ainda discutem desde a quitação de dívidas das obras realizadas para a Copa com fornecedores até a geração de novas receitas além do futebol.
Enfim, o cenário é um tanto desolador passado um ano do Mundial.