Dilson em foto atual na sua escolinha de futebol. Foto/Acervo Dilson Gomes

Dilson – O ponteiro que se adaptou bem a lateral direita

MANOEL FAÇANHA

Nascido e criado na Travessa Flamengo, bairro Aviário, o ex-jogador Edilson Gomes da Silva, o Dílson, já batia animadas peladas com os amigos no campo do Independência nos primeiros anos de 1980, mas a sua primeira experiência em um clube federado ocorreria alguns quilômetros dali, precisamente no Stadium José de Melo, hoje CT do Rio Branco, quando, aos 14 anos (ele nasceu dia 7 de novembro de 1971) foi levado, a convite do lateral direito Sérgio Cabeção, para um período de testes no Estrelão.

Dílson lembrou que a primeira posição na carreira foi a de ponteiro direito, numa época de bons jogadores, mas ele garante que mandava bem e, na maioria das vezes, sempre figurou entre os titulares. Dílson explicou ainda que na base do Rio Branco ficou por mais de cinco temporadas, o suficiente para apreender os principais fundamentos do futebol e conquistar um tricampeonato de juniores-1988/1989/1990.

Com a idade estourada na base e sem espaço entre os profissionais do Estrelão, Dílson resolveu trocar de ares e, a pedido do técnico Coca-Cola, então novo comandante do Atlético Acreano, foi convidado pelo desportista Raimundo Ferreira a reforçar o Atlético Acreano. Segundo ele, sua estreia no profissionalismo ocorreu na temporada de 1992, no empate contra o Independência por 1 a 1. “Eu tinha 20 anos e a emoção daquela estreia é algo inesquecível”, lembrou o ex-lateral direito.

Dilson iniciou a carreira futebolística na base do Rio Branco-AC. Foto/Acervo Dilson Gomes

Mais de uma década no profissionalismo e três vice-campeonatos

Em onze anos de carreira profissional (1992 a 2002), Dilson colecionou passagens por Independência, Atlético Acreano e Adesg. O Independência foi o clube onde ele mais tempo atuou, conquistando, inclusive, o título de vice-campeão das temporadas de 1997 e 2000, quando o Tricolor de Aço perdeu a taça para o Rio Branco. Na primeira decisão, realizada em dois jogos, o Estrelão venceu as duas partidas (1 a 0, no primeiro jogo, gol de Palmiro; e 3 a 1, no segundo compromisso, gols de Ico, André e César a favor do Estrelão, Jairo descontou para o Tricolor de Aço). Na outra final, após dois empates no tempo normal, o Rio Branco derrotou o Independência somente na prorrogação pelo placar de 3 a 0. Ricardinho, Papelim e Leonardo marcaram os gols do título estrelado.

Adesg – 1993. Em pé, da esquerda para a direita: Carlos Calderón (médico), Antãozinho (auxiliar-técnico), Assem, Sidrônio, Nilton, Francisco Roberto, Luiz, Ney, Dedé, Dorielson Mendes, Maurício Generoso (preparador físico) e Raimundo Ferreira (técnico). Agachados: Carlos Magno, José, Canjerê, Dário, Dilson, Cota, Adílio, Waldir e Saturnino (massagista). Foto/Rose Peres.

Outro vice-campeonato conquistado pelo lateral ocorreu na temporada de 1993, quando vestia a camisa da Adesg. Na decisão, o Independência, com melhor campanha durante o triangular final, após vitória sobre o Rio Branco por 2 a 1, conquistou o título ao empatar sem gols contra a Adesg. No entanto, a proeza tricolor de vencer o seu primeiro título no profissionalismo quase caiu por terra aos 38 minutos do segundo tempo, quando o zagueiro Carlos Magno entrou livre na defesa tricolor e encobriu o goleiro Valtemir. Por sorte, a bola, caprichosamente, ficou no travessão tricolor, em jogo disputado em 31 de agosto de 1993, no Stadium José de Melo. O Independência conquistou o título com a seguinte formação: Valtemir; Aclaildo (César), Henrique, Lécio e Sérgio; Alan, Rol, César Limão e Mariceudo; Ivo (artilheiro da competição com seis gols) e Pitiú. Técnico: Aníbal Honorato. Já a Adesg foi vice-campeã com: Assem; Dilson, Carlos Magno, Valdir e Luís Cláudio (Sidrônio); Adílio, Ney e Francisco Roberto; Dário, Cangerê e Cota (Albênis). Técnico: Raimundo Ferreira.

Independência – 1997. Em pé, da esquerda para a direita: Dorielson, Walter, Chinha, Milton, Bocão, Alan, Dedé, Marcelo e Jairo. Agachados: Mundoca, Sérgio da Mata, Ivo, Edilson, Pitiú, Acreano e Ciro. Foto/Acervo Carlos Barros.
Independência – 2000. Em pé, da esquerda para a direita: Dorielson, Tidalzinho, Sérgio, Alan, Mauro, Sales, Cleudo, Vanilson, Dirceu e Messias. Agachados: Pereira, Mastrillo, Marquinhos Pontes, Dedé, Artemar, André, Dilson e Jorge. Foto/Acervo Manoel Façanha.
Independência campeão do Torneio Início de 2001. O lateral direito Dilson é o sétimo em pé, da esquerda para a direita. Foto/Manoel Façanha.

Seleção dos melhores e escolinha de futebol

Com a carreira interrompida aos 31 anos, após sofrer vários anos com um problema num dos joelhos, Dilson escalou a sua seleção ideal com atletas que, em algum momento da carreira, estiveram a serviço do Independência. O goleiro Tidalzinho, hoje preparador de goleiros do Imperador Galvez, ­ abriu a lista da seleção do lateral direito. O restante do time é formado por Dilson, Pereira, Jorge e Sérgio Cabeção; Dedé, Alan, Redson e Dirceu; Pitiú e Palmiro. O ex-lateral tricolor ainda citou o atacante Dênis, esse levado pelo técnico Zagallo para o Portuguesa-SP, em 1999, como um reserva de luxo para o ataque de sua seleção. “O Dênis e o Pitiú eram jogadores habilidosos, velozes e muito difíceis de serem marcados”, elogiou Dilson.

O lateral Dilson e o atacante Dênis durante treino do Independência em 20001. Foto/Manoel Façanha.

A respeito do dirigente ideal, o lateral direito não pensou duas vezes e apontou o nome do comerciante Raimundo Ferreira, desportista com passagens pela maioria dos clubes profissionais do estado e também com grande militância no futebol amador, como o melhor dirigente com quem trabalhou. “O Raimundo Ferreira era um verdadeiro abnegado do nosso futebol, não somente no futebol profissional, mas também do amador. Ele, por mais de uma década, formou equipes competitivas no futebol amador e contribuiu decisivamente para o surgimento de dezenas atletas para o nosso futebol profissional”, relatou Dilson.

Cruzeiro do Aviário – 2008. Em pé, da esquerda para a direita: Barriga, Dorielson, Caqui, Edilio, Geovane, Rivelino, Vilson, Luna, Chico (auxiliar-técnico), Benjonson (técnico). Agachados: Hélio, Leandro, Genival, Alair, Carlinhos, Cleudo, Mundoca, Nego, Atilon, Dilson e Tierry (mascote). Foto/Acervo Manoel Façanha.

No requisito árbitro, Dilson fez questão de elogiar a qualidade do árbitro José Ribamar Pinheiro de Almeida. “O Ribamar era um árbitro técnico e, acima de tudo muito disciplinador e ninguém bagunçava no jogo que ele apitava”, analisou Dilson.

Na atualidade, Dilson toca uma escolinha de futebol no campo do Marinho Monte, CT do Independência. O ex-lateral espera o retorno da normalidade das atividades restritivas, após novo pico de contaminação pelo novo coronavírus, para a reativação dos trabalhos e, assim, contribuir para a formação de jovens atletas para o futebol local.

Fac Símile da página de Esporte do Jornal Opinião de 9 de fevereiro/2021.