FRANCISCO DANDÃO
Foi um radialista quem denominou os irmãos atacantes Dim e Ley como “capetinhas”. O apelido surgiu por conta do que eles, um pela direita (Dim) e outro pela esquerda (Ley), aprontavam em campo, infernizando a vida dos laterais. Velozes, dribladores, ora buscando a linha de fundo, outra hora entrando em diagonal, nenhum defensor adversário os intimidava.
Mas o “capetinha” Dim, o irmão destro, cujo nome de registro é Francisco Rivaldo Soares de Assis, nascido em Xapuri, no dia 5 de novembro de 1967, é que é o personagem desta matéria. Ele, que se mudou para a capital do Acre na infância, desde as primeiras peladas, nos vários campos do segundo distrito de Rio Branco, demonstrou o seu talento para o futebol.
“Eu bati muita pelada, quando eu era menino, no campo da Cidade Nova. Mas, pra falar a verdade, onde tinha uma bola, tanto faz se na praia, no barro, no asfalto ou em quadras de cimento, eu estava lá no meio da turma. Também joguei pelos times das escolas Maria Angélica, CNEC e Ceseme. Como estudante, ganhei várias vezes os Jogos da Primavera”, disse Dim.
“Em time organizado, eu iniciei na base do Atlético, dirigido pelo seu Jaú. Eu não perdia um treino do Galo. Eu ficava atrás de um dos gols, devolvendo as bolas chutadas para fora, principalmente pelo lateral Pintão. Daí eu fui chamado para jogar no time dos meninos. Foi aí o começo. Depois, ainda na base, passei por Andirá, Amapá e Rio Branco”, contou Dim.
Três camisas e carreira paralela
Entre 1986 e 1996, Francisco Rivaldo, o Dim, o “capetinha” destro, vestiu três camisas de grandes clubes do futebol do Acre: Atlético, onde passou mais tempo (1986, 1987, 1988, 1990, 1991,1992 e 1993), Juventus e Rio Branco. Tempo suficiente para erguer quatro taças de campeão estadual: duas pelo Galo (1987 e 1991) e duas pelo Clube da Águia (1989 e 1996).
Talvez ele pudesse até ter ido mais longe e conquistado mais títulos não fosse a atividade paralela que exercia desde 1987, como servidor do Banco do Estado do Acre (Banacre). “Eu quase não tinha tempo para treinar. Tinha que me virar com a atividade de bancário e a prática do futebol. Mas eu sabia que a bola era mais um lazer do que uma profissão”, explicou Dim.
No Banacre, para não perder o costume, Dim fez parte de um timaço de futsal que reunia, entre outros craques, os nomes de Emerson Gomes, Zezoca, Aurélio, Nande, Roque, Alcides, Jorge Morais, Océlio e Altair. “O time de futsal do banco era mesmo muito forte. A gente entrava sempre como favorito nas competições promovidas pelo sindicato”, afirmou o ex-atacante.
Dim permaneceu no Banacre até o fechamento da instituição financeira. Mas não perdeu tempo. Logo em seguida, ele foi estudar educação física na Universidade Federal do Acre (Ufac) e entrou (via concurso público) na Polícia Militar do Acre, onde permaneceu até completar o tempo de ir para a reserva na patente de primeiro sargento.
Jogo inesquecível, alegria e decepção
Dim não precisou pensar muito para eleger o seu jogo inesquecível. “Foi pelo Juventus, contra o Atlético Mineiro, na Copa do Brasil de 1992. O time deles era muito bom, cheio de jogadores famosos. A gente perdeu por 1 a 0, no [estádio] José de Melo, mas demos o maior sufoco nos caras. Nesse dia, o Ley acabou com o Alfinete, lateral-direito do time deles”, falou Dim.
A maior alegria no futebol, Dim afirmou que foi ser campeão de 1987, pelo Atlético, numa final contra o Juventus, com um gol de pênalti sofrido por ele e convertido pelo parceiro Tinda. Quanto à maior decepção, ele disse que foi perder o título de 1990, novamente pelo Galo e contra o Juventus. “A gente estava ganhando até aos 40 minutos do segundo tempo”, lamentou.
No que diz respeito aos grandes nomes do futebol acreano, Dim citou o dirigente Adauto Frota, porque “cumpria o que prometia” e o árbitro Antônio Moreira, porque “respeitava os atletas”. Já no quesito seleção, ele escalou a sua da seguinte maneira: Tidal; Marquinhus, Paulão, Josman e Gerson; Gilmar, Tinda e Carlinhos Bonamigo; Dim, Paulinho e Ley.
Por total impossibilidade de ficar longe do mundo do futebol, o professor de educação física Francisco Rivaldo, o Dim, continua nos dias atuais, aos 54 anos, a bater a sua peladinha, às sextas-feiras, na sede da Associação Atlética Banco do Brasil. Por último, ele confessou que gostaria de trabalhar como comentarista de jogos profissionais. “Seria legal”, disse.