Divisões de base

Invariavelmente, quando a gente se põe a refletir sobre o que se deve fazer para melhorar o nível do futebol, qualquer que seja o lugar de onde se fale, logo se chega à conclusão de que o investimento nas divisões de base está entre as primeiras providências. Investir na base é o caminho inicial.

De fato, os exemplos de meninos que começaram cedo e que chegaram longe na carreira são inúmeros, seja numa escolinha, peladas de rua, ou competições de bairro. Naturalmente, nem todos os mirins da base viram craques. Mas um que seja que se destaque, entre cem, já vale a pena.

Existem determinadas gerações que, eventualmente, quase nenhum dos garotos é aproveitado nos times adultos, independente da bola que eles mostravam quando estavam nos times infantis. Mas existem outras gerações que são muitos os que sobem para o time principal e fazem grande sucesso.

O meu acervo fotográfico de times do futebol acreano de todos os tempos comprova essas minha afirmações. Eu tenho fotografias de times onde só um ou outro menino fez carreira entre os adultos. E tenho outras onde uma boa parte deles seguiu pela vida exibindo a sua bola redondinha.

Enquanto escrevo, duas dessas fotos antigas me observam a partir de janelas no computador. Uma do Vasco do Paulo Maia, infantil, datada do ano de 1970. A outra do Independência, infantil, time de iniciativa do saudoso radialista Pedro Paulo Menezes de Campos Pereira, datada de 1971.

Na foto do Vasco do Paulo Maia, tirada no primeiro campo do Atlético Acreano, que ficava nas imediações do antigo Aeroporto Presidente Médici, dos doze garotos que fazem pose, somente três ganharam destaque entre os adultos: Manoelzinho e Zequinha (no Galo) e Feitosa (no Amapá).

Na foto do Independência, com treze candidatos a jogador posando sem sorrir, inclusive essa criatura que vos escreve, apenas dois meninos conseguiram chegar aos times principais: os laterais Vanderley (no Atlético e no Andirá) e Paulo Roberto (Rio Branco, Juventus e no Tricolor de Aço).

Em compensação, o time principal do Rio Branco de 1985, comandado pelo técnico cearense Coca-Cola, era formado com boa parte de jovens promessas vindas da base. Casos do Jorge Jacaré, do Oton, do Paulo Henrique, do Mauricinho… E do Zenon, oriundo da base do São Francisco.

E, por último, como se para comprovar definitivamente a tese de que nas divisões de base pode estar o primeiro passo para o sucesso de um time profissional, cite-se o desempenho do Atlético neste ano que já está quase no final. Os meninos do Galo simplesmente levaram o Acre à série C! Só!