Domingo passado, dia 1º de abril, recebi aqui no meu quartel-general, num nono andar qualquer do bairro do Mucuripe, em Fortaleza, a visita do Dr. Renildo Cunha. O dito cujo é meu sobrinho e resolveu, tal qual eu, migrar para a capital cearense depois de se aposentar do serviço público.
A nossa conversa, já que não nos víamos há muito tempo, entrou pelas horas a dentro. Sexagenários que somos, falamos basicamente dos anos mais remotos do passado, principalmente de uma época em que pensávamos que seríamos craques de bola e, assim, levantaríamos os estádios.
Na verdade, o Renildo foi mesmo craque de bola. Tinha um talento fora do comum. Jogava no meio de campo, com a bola sempre grudada aos pés, distribuindo passes com absoluta precisão. E se não chegou a levantar os estádios foi porque desde muito cedo preferiu se dedicar aos estudos.
Da minha parte, que também enveredei pelo caminho das teorias acadêmicas, pra ser sincero, o futebol não perdeu nada quando eu desisti de tentar chutar uma bola rumo às traves adversárias, sempre muito distantes. Por mais que eu me esforçasse, jamais consegui ser íntimo da referida.
A habilidade exibida pelo Renildo até hoje é cantada em prosa e verso pelos garotos contemporâneos. Embora a sua carreira de futebolista tenha sido muito curta, ele chegou sim a deslumbrar espectadores com as camisas do infantil do Juventus, em 1971, e do juvenil do Rio Branco, em 1972.
O parceiro preferido, aquele que completava o Renildo enquanto jogador de meia cancha, se chamava Formiga. Este driblava curtinho, arrastando a bola com a sola do pé. Os dois juntos, tanto jogando futebol de campo quanto futebol de salão, infernizavam os seus marcadores.
Mas a história que eu e o Renildo nos deliciamos mais ao lembrá-la foi a de uma excursão de um time do Colégio dos Padres ao município de Sena Madureira, em 1972. Éramos doze jogadores e viajamos amontoados na carroceria de uma caminhonete, cedida pelo professor Antônio Gadelha.
Quando aquela turma de adolescentes chegou a Sena Madureira, ninguém acreditou que poderíamos fazer frente à equipe local presidida pelo advogado Obed Moreno. O time deles era todo formado por atletas adultos. Acho que até nós demoramos a acreditar no placar de 3 a 1 a nosso favor!
Para mim, aquela foi uma jornada tão memorável que até hoje, 46 anos depois, eu lembro a escalação do nosso time. A saber: César Escócio; Dandão, Nego Ary, Ademar Gadelha e Dedé Cavalcanti; Renildo e Formiga; Turu, Teinha, Abacate e Paulo Hampemtal. Direto do baú da memória!